O último ano dos fundos focados no mercado brasileiro

5483797002_56f1cb9f1c_z
Rogerio Zgiet, Flickr, Creative Commons

O Brasil tem sido um dos países que maior destaque tem recebido durante os últimos 12 meses, embora nem sempre pelas melhores razões. Não obstante, apesar das várias decisões polémicas por parte do governo de Michel Temer e das várias polémicas no panorama da corrupção nacional, a economia brasileira parece também acompanhar o crescimento sincronizado global, com uma perspetiva de crescimento de 2% para 2018.

Posto isto, recuemos um pouco e olhemos para o desempenho registado pelos fundos nacionais que investem no mercado brasileiro durante o último ano. Para além da análise ao seu desempenho, analisaremos também o desvio padrão registado por estes produtos durante o período em questão. Nesta lista constam apenas três produtos de duas categorias diferentes – equity (1) e allocation (2). No que diz respeito a entidades gestoras, os produtos dividem-se também por apenas dois nomes diferentes: BPI Gestão de Activos e Dunas Capital.

Equity

Começando pelo único produto que investe somente no segmento acionista brasileiro, o BPI Brasil Valor, verificamos que este obteve uma rentabilidade de 4,28% no período em análise. Com um volume de ativos sob gestão de 1,91 milhões de euros, a sua carteira é composta por vários títulos de empresas brasileiras, como é o caso da Vale, Bradesco e Iguatemi Empresa de Shopping Centers, que surgem como as três maiores posições em carteira. As características que o mercado acionista brasileiro apresenta acabam por se refletir no desvio padrão registado pelo produto, que se fixou nos 18,26%.

Allocation

Virando as nossas atenções para os fundos allocation que investem no mercado brasileiro vemos duas estratégias com abordagens distintas, tendo obtido um desempenho significativamente diferente. De um lado temos o BPI Brasil, um produto gerido pela BPI Gestão de Activos, que gere um volume de ativos superior a 26 milhões de euros e apresenta uma carteira com maior exposição ao segmento acionista, representando mais de metade do total. Por outro, temos o EuroBic Brasil, um produto denominado em dólares gerido pela Dunas Capital e cuja exposição ao segmento obrigacionista compõe mais de 80% da carteira. O volume de ativos sob gestão, por sua vez, ascende a 12,28 milhões de dólares.

Analisando as maiores posições em carteira apresentadas por ambos os produtos é possível verificar que existem algumas diferenças. Assim, enquanto que o BPI Brasil apresenta títulos soberanos nas três principais posições em carteira, o EuroBic Brasil apresenta o iShares MSCI Brazil Capped como maior posição em carteira (um ETF que limita a ponderação dos emitentes que compõem o índice, para que um único emitentes não exceda 25% do peso do índice subjacente (o B3) e para que todos os emitentes com um peso acima de 5% não excedam 50% do peso do índice subjacente). A sua segunda e terceira maior posição são títulos soberanos brasileiros e o Banco Nacional de Desenvolvimento.

Relativamente à rentabilidade registada por cada um dos fundos no período em questão, o produto da responsabilidade da BPI Gestão de Activos acaba por se destacar. Isto porque apresenta uma rentabilidade de 2,12% nos últimos 12 meses. Já o produto gerido pela Dunas Capital apresenta uma rentabilidade em dólares de 8,33%. Contudo, tendo em conta a desvalorização da moeda face ao euro no último ano, a sua rentabilidade em euros desce para terreno negativo, fixando-se nos -3,42%.

Virando as nossas atenções para o desvio padrão registado por ambos os produtos verificamos que o fundo da responsabilidade da BPI Gestão de Activos apresenta um desvio padrão superior ao registado pelo produto da Dunas Capital. De facto, enquanto que o primeiro apresenta 15,43% de desvio padrão, o segundo apresenta apenas 6,80% (em euros).

Captura_de_ecra__2018-02-15__a_s_15

Captura_de_ecra__2018-02-15__a_s_15

Fonte: Morningstar Direct, dezembro de 2017. Rentabilidades expressas em euros

*EuroBic Brasil é um fundo denominado em dólares