O "sequestro fiscal" norte-americano: quais os impactos?

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O "sequestro fiscal" nos Estados Unidos constitui um conjunto de cortes obrigatórios na despesa federal e de defesa para reduzir o défice público. Os cortes aplicar-se-ão de forma automática e indiscriminada, sem ter em conta as suas implicações para os cidadãos ou o produto interno bruto (PIB) norte-americano.

A ameaça de cortes indiscriminados tinha como finalidade incentivar o denominado Supercomité do Congresso dos Estados Unidos a cortar 1,5 biliões de dólares do défice ao longo de dez anos. No entanto, este comité foi incapaz de alcançar um acordo e o "sequestro fiscal" não entrou em vigor, como inicialmente programado, a 2 de Janeiro deste ano, cumprindo a data de entrada em vigor proposta pelo ‘American Taxpayer Relief Act’, 1 de Março.

Neste sentido, Joanna Shatney, responsável pelo investimento em empresas norte-americanas de grande capitalização da Schroders, refere que os cortes obrigatórios na despesa pública têm um impacto directo nos orçamentos para a defesa e saúde.  Shatney considera provável que existam novas revisões em baixa do PIB, de aproximadamente mais 50 pontos base, mas mostra-se optimista relativamente às perspectivas de crescimento das receitas das empresas, que ,a seu ver, serão mais sólidas do que o esperado pelo mercado.

Quanto a outros riscos na mira, a responsável da Schroders identifica outras datas a ter em conta neste processo, como a resolução de continuidade de 27 de Março ('Continuing Resolution'), que ameaça com uma paralisação do Estado ('Government shutdown'), acreditando que "esta situação deverá ser evitada", embora "não espere ver nenhuma resolução orçamental até o final deste ano", assegura. "Vemos isto como um risco controlável, desde que o nível de confiança das empresas e consumidores não seja significativamente afectado".