O rally de Natal é real? Devemos esperá-lo este ano?

NATAL_
Crown exclusive, Flickr, Creative Commons

A contagem decrescente para o Natal está aí. Esta contagem já começou noutras partes do mundo, como por exemplo nos Estados Unidos, onde se celebra o dia de Ação de Graças, e, nos últimos anos, a Black Friday, o que marca oficialmente o início da época festiva. Os mercados também refletem este momento, naquilo que se passou a designar de rally do Pai Natal ou, de forma mais simples, rally de Natal. David Brett, redator de investimentos da Schroders, afirma que “é mais provável que as bolsas mundiais subam em dezembro do que em qualquer outro mês do ano, de acordo com a análise aos últimos 30 anos”.

Não obstante, o rally de natal tem sido frequentemente objeto de debate, com os participantes do mercado divididos sobre a sua existência e notoriedade. Em contrapartida, o especialista da Schroders defende que não só é real, mas também uma tendência global e com precedentes históricos sólidos. Brett indica que, desde 1987, em dezembro as bolsas de todo o mundo subiram em média 2,2%, o que também torna este mês naquele em que, tradicionalmente, se registam subidas mais elevadas. Em contrapartida, agosto é historicamente o mês com pior comportamento dos mercados, a perder em média 1% nos últimos 30 anos.

Os dados

A Schroders realizou um estudo em que analisou o comportamento dos mercados de ações de maior dimensão na procura de padrões sazonais. Apresenta assim o gráfico que combina a evolução do FTSE 100, S&P 500, MSCI World e o EuroStoxx 50. É possível verificar a frequência, em agregado, com que subiram durante cada mês do ano desde 1987 até dezembro de 2016. A principal conclusão, destacada pelo representante da Schroders, é que “os mercados subiram no passado com mais frequência em dezembro, em 79,2% das vezes”. O segundo mês com melhor comportamento histórico foi abril, com subidas em 74,3% das vezes. Em contrapartida, os meses com pior comportamento foram agosto, junho e setembro.

f

O efeito natalício também pode ser observado na médica histórica do retorno: como já referido anteriormente, dezembro subiu em média 2,2%, enquanto abril registou um retorno médio de 1,9% desde 1987.

f

É importante questionar por que motivo os mercados têm tendência a terminar o ano em alta. Brett indica que uma das teorias mais exploradas é a que se baseia na psicologia do investidor: são dias marcados por desejos positivos que geram um clima positivo e isto traduz-se numa maior disposição para comprar em vez de vender. Outra possível explicação é que os gestores de fundos aproveitam dezembro para reequilibrar as suas principais carteiras para o começo do ano seguinte; sendo grandes compradores, atuam movendo o mercado em alta.

Dito isto, Brett adverte que “as superstições do mercado de ações são verdadeiras… até que deixem de sê-lo”. Ou seja, “aqueles que procuram simplesmente acreditar que o Pai Natal vai estender novamente a sua benevolência pelos mercados este ano, fazem-no por sua própria conta e risco. Lá por ter ocorrido antes, não significa que o padrão se volte a repetir”. De facto, o especialista recorda que apostar no rally natalício é um bom exemplo de um dos erros mais comuns de investimento: cronometrar os mercados, tentando antecipar os seus movimentos. “É uma estratégia questionável pois é impossível prever os movimentos de curto prazo no mercado”, insiste Brett.

Apresenta um outro gráfico que demonstra que o investimento deverá estar sempre focado no longo prazo. Nesse gráfico pode observar-se que o S&P 500 pode subir numa média anual de 7,9% desde 31 de dezembro de 1986. Entre os que foram analisados, o índice com um rendimento mais pobre foi o FTSE 100, com 4,9% anual no mesmo período. Ainda assim, tal como refere o especialista, “isto significa que, se for um investidor britânico que investiu mil libras no FTSE 100 em 1986 e não tiver tocado no dinheiro durante 31 anos, o seu investimento terá agora um valor teórico de 4.463 libras”.

f