O que se pode esperar da Grécia?

O mercado financeiro segue com muita atenção à situação na Grécia e o BCE resolveu colocar um pouco mais de pressão ao deixar de aceitar títulos de dívida Grega como garantia nos empréstimos.

Até agora o BCE tinha aceite esse colaterais porque a Grécia estava a receber apoio financeiro através de um programa de resgate, mas a pressão alemã parece ter surtido efeitos.

O governo Grego segue em contactos para encontrar um novo acordo que evite o incumprimento e permita à Grécia respirar um pouco melhor, e esta decisão do BCE coloca ainda mais pressão para se chegar a um entendimento rápido, ao antecipar a data limite para aceitação dos títulos gregos dados como garantia de 28 para 11 de fevereiro.

Tem agora a palavra o primeiro ministro Grego. Depois de ter proposto que a actual dívida, que tem um plano de pagamentos e amortizações bem definidos fosse substituída por dívida perpétua e sem compromisso de pagamentos regulares, vê-se agora numa encruzilhada onde vai ter que decidir se cumpre com o prometido antes das eleições (o fim da austeridade imposta pela Troika) ou se tem que se sujeitar às condições impostas pelos seus credores (Alemanha à cabeça). 

Num país com uma dívida de 175% do PIB e à beira de ficar sem acesso a financiamento externo, os próximos tempos vão ser muito duros para a Grécia, não se sabendo ainda qual a implicação que poderá ter na Europa. A recente evolução da dívida pública Europeia sugere que Portugal pode ter problemas  caso a situação na Grécia se complique:

A exceção criada na restruturação da dívida Irlandesa pode ser um forte argumento a utilizar, mas a Alemanha e a França não estão neste momento expostas à Grécia como na altura (em fevereiro de 2013) estavam com a banca Irlandesa.

Recorde-se que na altura o BCE permitiu uma solução contra os tratados da UE. Se na altura foi o entendido como a melhor forma de resolver o problema, qual vai ser o caminho a seguir agora?

(Imagem: Andrej Trnkoczy, Flickr, Creative Commons)