O que se está a passar com as carteiras das seguradoras?

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Marsmet546, Flickr, Creative Commons

As seguradoras continuam a mostrar-se otimistas sobre as perspetivas de investimento a curto prazo e não acreditam que aconteça uma recessão à escala mundial antes de 2022, segundo um novo estudo da BlackRock sobre as carteiras de investimento das seguradoras. Apesar das suas promissoras perspetivas económicas, as seguradoras estão a diversificar a sua combinação de ativos para aumentar a resiliência das suas carteiras. Para isso, a procura por investimentos não correlacionados nos mercados não cotados e nas carteiras de obrigações parecem ser as suas estratégias mais populares.

O oitavo inquérito anual à escala mundial da BlackRock – intitulado “Reajuste em prol da resiliência” – realizado a 360 membros dos cargos superiores de empresas de seguros, que representam ativos no valor de 16 biliões de dólares, concluiu que 78% das seguradoras inquiridas apresentam atualmente perspetivas de investimento positivas e mais de metade (56%) não espera que aconteça uma recessão antes de 2022. Não obstante, o inquérito revela uma maior cautela e o desejo de aumentar a resiliência da carteira através de uma maior diversificação.

Isto gerou um interesse continuado pelas oportunidades nos mercados não cotados menos correlacionados: 60% dos inquiridos tem previsto aumentar a alocação a esta classe de ativos nos próximos três anos.

A necessidade de encontrar um ponto de equilíbrio entre resiliência e rentabilidade também aponta para a adoção de uma abordagem mais integral à alocação de ativos e à construção de carteiras. Uma grande maioria (83%) das seguradoras concorda que continua a ser possível gerar alfa em obrigações, principalmente através de exposições a taxas de juro, à dívida corporativa e ao risco de liquidez, mas fazem um finca-pé maior na resiliência.

Dois terços das seguradoras (67%) à escala mundial também afirma estar a tentar integrar critérios de sustentabilidade nos seus processos de investimento, em comparação com o ano passado, e as seguradoras americanas são as que registam o maior avanço neste sentido. Não obstante, mais de três quartas partes das entidades inquiridas continuam a acreditar que a integração de critérios ESG acarreta pôr em risco outros objetivos de investimento.

“Apesar de as seguradoras manterem perspetivas de mercado positivas em linhas gerais, aumentar a resiliência nas carteiras de investimento constitui uma das principais prioridades para o setor”, afirma Patrick Liedtke, responsável do grupo de Instituições Financeiras da BlackRock.

A procura continuada por oportunidades de investimento sustentáveis aponta para uma tendência na indústria de maior envergadura, mas as seguradoras continuam a mostrar uma certa preocupação com o perfil de rentabilidade deste tipo de investimento e sobre o melhor modo de integrar os critérios ESG numa carteira. Em muitos aspetos, isto torna-se previsível na hora de abordar um segmento relativamente novo no setor. Em termos gerais, torna-se encorajador ver indícios de progresso num âmbito que consideramos crítico nos próximos anos.

Em conjunto com uma mentalidade de carteira integral e o uso da totalidade das ferramentas de investimento, as seguradoras podem construir carteiras que exerçam um efeito positivo na sociedade e, ao mesmo tempo, tolerar o que provavelmente será um período prolongado de yields reduzidas ou até negativas com um possível aumento da incerteza nos planos político e económico.