O que nos diz a evolução do investimento em obrigações nas carteiras dos fundos nacionais?

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journeyman62, Flickr, Creative Commons

À data de 31 de dezembro de 2015, segundo dados da CMVM, era o investimento direto em obrigações que representava a posição mais relevante na estrutura das carteiras dos fundos de investimento mobiliário nacionais (cerca de 30%). A evolução e composição dessa mesma posição, pode permitir tirar conclusões acerca do desenvolvimento do apetite pelo risco dos gestores de fundos de investimento perante um contexto de mercado cada vez mais desafiante.

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Tendo em consideração que a evolução da ponderação das emissões por rating de crédito reflete, não só, decisões estratégicas dos gestores, mas também a evolução do rating das próprias emissões, observamos, nos gráficos abaixo, uma subida ligeira do peso de ativos investmente grade no período considerado. Não obstante, é visível também uma clara inversão de tendência, depois de se ter formado um pico no segundo trimestre de 2015.

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Por outro lado, o segmento high yield perdeu significativamente o seu peso nas carteiras de fundos de investimento, passando de mais de 50% em finais de 2012 para um mínimo de 19,8% em 2015. Isto, segundo a CMVM, “indicia uma postura mais conservadora dos gestores dos fundos na tomada de risco, tradutora de um refrear na procura de yields mais elevadas (e, ao mesmo tempo, associadas a um maior risco de crédito)”.

Porém, a desagregação do segmento IG e High Yield, mostra que a maior ponderação do primeiro tem sido sustentada por obrigações no limite inferior, nomeadamente, “com notação de risco BBB+, BBB e BBB-, ou seja, aquelas que se encontram no limiar de investment grade, por contrapartida da diminuição do peso das consideradas non-investment grade speculative (BB+, BB e BB-)”, como é destacado pela CMVM no seu mais recente Relatório de Atividade. A entidade reguladora destaca também que “dada esta situação de fronteira, não é de desconsiderar que esta evolução se possa dever essencialmente à revisão do rating de alguns emitentes, e em menor grau a uma decisão ativa dos gestores em procurarem obrigações com melhor notação de risco (o que, a acontecer, se poderá dever à necessidade de dar cumprimento às regras de investimento constantes dos prospetos dos fundos, as quais, em geral, impõem limites mínimo e máximo ao investimento em obrigações notadas como investment grade e high yield)”.

Vemos também que aumentou significativamente o peso das obrigações sem notação de risco (aquelas que nunca foram objeto de cobertura, deixaram de a ter em algum momento no tempo ou para as quais não foi reportada informação à CMVM).