O que estão a comprar os investidores mundiais nestas primeiras semanas do ano?

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Felipe Borges, Flickr, Creative Commons

As primeiras semanas de 2020 voltaram a situar a geopolítica no centro das decisões que tomaram os investidores. O conflito comercial entre os EUA e a China que marcou tanto o rumo dos mercados durante o ano passado encontrou um relevo na tensa relação que mantêm os EUA e o Irão. Este novo conflito devolveu a volatilidade ao mercado e impulsionou o investimento em ativos refúgio, além do petróleo, mas também em obrigações. Ao fim e ao cabo, ninguém espera já uma mudança na política monetária dos dois grandes bancos centrais que ameace este tipo de investimentos.

“Ano novo, década nova, mas nada mudou realmente em termos de fluxos. As entradas continuaram a apontar para um contexto de baixa inflação, já que continuam em ativos investment grade, alto rendimento e de obrigações em geral”, afirmam na BoFA Securities. Em concreto, segundo os dados do banco de investimento, na primeira semana do ano os investidores aproveitaram para vender os seus fundos de ações e comprar produtos de obrigações e monetários já que estes últimos se tornaram nos que mais fluxos receberam com entradas nas últimas 22 semanas.

Ainda que esses fluxos em direção às obrigações se tenham visto em todos os segmentos do mercado de dívida, houve um que despertou um maior interesse por parte dos investidores que continuam a precisar de rendimentos, mas para quem é cada vez mais complicado encontrá-los. Falamos das obrigações emergentes, um tipo de investimento que se colou à maioria das preferências das gestoras face a um 2020 no qual será cada vez mais difícil encontrar rentabilidade com pouco risco. “Com rendimentos muito baixos disponíveis na maioria dos principais mercados de obrigações desenvolvidos, os rendimentos de pouco mais de 5% do índice de dívida emergente denominado em dólares continuam a ser atrativos”, afirma James Barrineau, diretor de dívida de mercados emergentes da Schroders. Sobretudo se o dólar mantiver a sua tendência neutra dos últimos meses e se as economias emergentes continuarem a defender um crescimento que, ainda que seja mais lento do que no passado, ganhe estabilidade.

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Em conjunto com a dívida emergente, o outro grande segmento que despertou o interesse dos investidores foi a dívida corporativa tanto investment grade como do universo high yield, já que, segundo dados da BoFa Securities, “os fundos de investment grade registaram fortes entradas na semana passada, a terceira consecutiva e a maior em nove semanas. A entrada da semana passada foi o começo mais forte do ano para os fundos deste tipo”. Por sua vez, os produtos de high yield conseguiram fluxos positivos na primeira semana do ano que anularam as saídas vistas na última semana de 2019.