O que esperar dos mercados após as férias?

Nos últimos meses, os indicadores económicos melhoraram em termos globais, especialmente na Europa. Vários indicadores divulgados em Agosto apontam para uma melhoria do sentimento dos agentes económicos e das perspectivas para o velho continente.

Por exemplo, o indicador PMI da Zona Euro de Agosto foi de 51,7, o valor mais alto desde Junho de 2011; o mesmo indicador do Reino Unido está em máximos de dois anos; nos países periféricos, os dados mais recentes parecem estar a inverter a tendência muito negativa dos últimos dois anos, por exemplo, na Grécia, o sentimento económico está em níveis máximos desde 2008; as vendas a retalho na Zona Euro cresceram no 2º trimestre de 2013, após dois anos de registos negativos; entre outros indicadores.

Na China, os últimos indicadores económicos melhoraram ligeiramente e no Brasil, o PIB do 2º trimestre acabou por surpreender pela positiva. Os mercados emergentes este ano têm sido bastante fustigados, especialmente após o FED ter admitido poder começar a diminuir o programa de compra de títulos.

Mas será que este tom económico optimista será suficiente para que a volatilidade permaneça baixa e os mercados evoluam positivamente nas próximas semanas ou meses?

Vamos primeiro à história estatística: nos últimos 40 anos, o mês de Setembro é caracterizado por pobres ou mesmo retornos negativos nos principais índices de acções. Tem sido um dos piores meses anuais. É um período entre o fim da earnings season do 2º trimestre e o início (meados de Outubro) da earnings season do 3º trimestre e este ano existem alguns factos que podem provocar um aumento da volatilidade até que haja mais notícias da performance das empresas.

Aliás, o sentimento dos investidores já não está tão bullish como há meses atrás e o índice de volatilidade VIX aumentou recentemente.

Nas próximas semanas / meses, vamos ter alguns factos ou acontecimentos em que os gestores de activos financeiros e os investidores em geral têm de estar atentos: eventual ataque dos EUA à Síria e as repercussões daí resultantes; as eleições na Alemanha que poderão não dar uma vitória robusta à sra. Merkel, resultando daí algumas dificuldades nas negociações para o novo governo; a eventual decisão do FED em iniciar a diminuição da compra de títulos (4º trimestre?); as negociações do orçamento americano e do tecto da dívida pública; o impasse governamental em Itália e no que toca ao caso específico de Portugal, a vinda da Troika numa altura de mais um chumbo de medidas de corte da despesa pública por parte do Tribunal Constitucional.

Alguns já estarão a pensar: vou de férias outra vez! Não é caso para isso... mas as próximas semanas poderão consumir algum do descanso que tivemos em Julho e em Agosto!

(Autor da foto: 3ąβŝәә→sιиɢℓє;♀, Flickr, Creative Commons)