O que esperam os analistas do Bankinter para o quarto trimestre de 2017

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Rbanks, Flickr, Creative Commons

Esta é a altura de olhar para o que aconteceu nos últimos meses e antecipar os fatores que podem influenciar o futuro. A Equipa de Análise de Mercados Financeiros do Bankinter analisou a estratégia de investimentos para o quarto trimestre e apresenta as principais previsões para a economia nacional e mundial.

Segundo os analistas, o atual ciclo expansionista está a consolidar-se “de forma quase simétrica nas principais economias do mundo. As únicas exceções negativas são o Brasil e o Reino Unido, embora por razões diferentes”. Nesse sentido, acreditam que não estamos a chegar ao fim do ciclo expansivo e que ainda estamos “no primeiro terço de um ciclo que ainda pode durar, pelo menos, mais 5 anos, caso as variáveis exógenas, como a Coreia do Norte ou a política americana, não alterem a situação”. A Europa já conseguiu igualar o ritmo de crescimento dos Estados Unidos, ambos a crescer ligeiramente acima de +2%, tal como Portugal. 

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Fonte: Bankinter, outubro 2017

A inflação deverá, segundo o Bankinter, manter-se baixa devido a quatro fatores estruturais: muita dívida, demografia adversa, globalização e rápidas mudanças tecnológicas. “Sem pressões inflacionistas, os bancos centrais não têm pressa em implementar as suas estratégias de saída e, portanto, irão demorar a retirar os estímulos. E é isso mesmo que estamos a ver agora: uma grande lentidão da sua parte”, explicam. Na Europa a inflação está em +1,5% (+1,2% core ou subjacente) e em Portugal +1,2% (+1,4% core).

Visto que a inflação não representa nenhum risco, os analistas explicam que os bancos centrais aplicam as suas estratégias de saída bastante devagar, permitindo que o mercado se ajuste progressivamente a estas mudanças. A Fed deverá então subir gradualmente as taxas para 2,50%/2,75% em 2019, à medida que vai “drenando” a liquidez que introduziu na economia desde 2008 (redução do balanço). Já o BCE “vai reduzir o seu programa de compras (QE) para zero ao longo de 2018, subindo a taxa de depósito para 0% (vs -0,40% atual) e talvez a taxa de referência para 0,25% em 2019. Isto será particularmente positivo para os bancos, marcando um ‘antes’ e ‘depois’ na sua conta de resultados”, referem.

Os analistas idenficaram cinco riscos, embora admitam que apenas dois deles sejam ameaças. São eles a natureza geoestratégica (Coreia do Norte), a política (Alemanha), os bancos centrais, a sobrevalorização dos preços dos ativos e uma apreciação brusca do euro (estes últimos dois são as ameaças).

Em relação às obrigações, os analistas acreditam que continuam a ser sobrevalorizadas, podendo continuar assim durante bastante tempo. Explicam ainda que “os preços imobiliários continuam a aumentar, no entanto não identificamos nada de preocupante nisso” e acreditam que as ações continuam a oferecer potencial. “Isto faz com que as nossas avaliações dos índices acionistas sejam ligeiramente inferiores em relação a junho. Não é grave, mas é uma tendência que deve ser tida em conta e que deve ser vigilada com cautela no futuro”. Também a melhoria dos resultados das empresas europeias começa a “ganhar visibilidade face aos americanos. Por isso, a nossa prioridade de investimento é a Zona Euro, seguida dos Estados Unidos. Passámos os emergentes para ‘compra tática’, à exceção da China e da Rússia”, referindo ainda que é importante ser seletivo e não comprar as ações por índices nem setores, mas sim por nomes.

Em relação a Portugal, os especialistas acreditam que "continua a realizar um progresso notável em várias frentes e o mais recente reconhecimento por parte das agências de rating é prova disso". O forte ritmo de criação de emprego, o mais elevado desde 1998, aliado a uma maior confiança das famílias, "está a traduzir-se numa clara melhoria do consumo privado. Não obstante, acreditamos que a chave para a melhoria do potencial de crescimento reside no investimento, que após vários anos estagnado começa agora a dar sinais claros de retoma", referem. 

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Nesse sentido, as perspetivas para Portugal são de um crescimento do PIB "acima das previsões mais otimistas", impulsionado pela retoma do investimento, uma recapitalização do sistema financeiro, recuperação da confiança das famílias e empresários, criação de emprego sustentável, melhoria do consumo e do investimento, redução do spread da dívida e redução do custo de capital para as empresas cotadas, revisão em alta do rating por parte das restantes agências e oportunidades em obrigações soberanas, em ações (PSI-20) e algo em imobiliário.

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