O que aconteceu na semana

Durante a reunião do fim de semana passado, o G20 apontou a volatilidade nos mercados de capitais, a queda dos preços das commodities e uma saída potencial da Grã-Bretanha da União Europeia como ameaças sérias, que podem provocar uma recessão global.

O G20 não mencionou explicitamente a China, mas ficou agradado com a promessa de que o Yuan não irá ser desvalorizado. Promessa essa feita pelo primeiro ministro chinês e pelo presidente do banco central. A ansiedade global cresceu nas últimas semanas, com a expectativa de que a China poderia fazer uma desvalorização forte do yuan, por causa do ritmo de crescimento da economia, que é o mais lento dos últimos 25 anos.

Ficou a promessa de acelerar as revisões económicas e "usar todas as ferramentas políticas, monetárias, fiscais e estruturais" para reforçar o crescimento, aumentar o investimento e garantir a estabilidade dos mercados financeiros.

Essa promessa foi materializada esta semana, com nova descida de taxas de juro, numa clara tentativa de combater o abrandamento do crescimento e a baixa inflação. Desceu também em 0,50% as reservas obrigatórias para os bancos, unindo-se assim a outros bancos centrais no esforço para promover o crescimento e fazer subir a inflação.

E mais dados se juntam aos anteriores para confirmar que é necessário mesmo fazer algo. O PMI de manufactura Chinês de fevereiro desceu para 49, de 49,4 em janeiro e abaixo dos 49,3 previstos pelos analistas. É o dado mais fraco desde novembro de 2011 e reforça a ideia do pouco impacto que as medidas avançadas pelo Banco Central estão a ter.

O PMI de serviços, em que as autoridades depositam muitas esperanças para promover o crescimento, desceu de 53,5 para 52,7 em fevereiro. O nível mais baixo desde finais de 2008.

As descidas no PMI não foram exclusivas na China, provando (caso fossem necessárias mais provas) o abrandamento global da atividade. Na Europa, O PMI manufactureiro desceu de 52,3 em janeiro para 51,2 em fevereiro, provando que as empresas se estão a ajustar a uma realidade onde os preços baixos e a fraca procura andam de mãos dadas. Muito se espera de Draghi, mas o BCE deve estar perto de esgotar as suas munições. É cada vez maior a pressão que pesa sobre a próxima reunião do BCE.

A Libra Esterlina, em reboliço desde a marcação do referendo sobre o Brexit, e que estava a corrigir face ao Euro depois de ter perdido duas figuras, voltou a perder algum terreno depois de ser conhecido o PMI manufactureiro, que também registou uma descida (52,9 em janeiro face aos 50,8 em fevereiro) assim como o PMI do sector da construção, que desceu para mínimos de dez meses.

O mercado bolsista parece estar mais atento à possibilidade de mais estímulos do que às dúvidas sobre o crescimento.
A maioria das praças bolsistas abriu o mês em alta, à boleia da subida registada no preço do petróleo.

 

(imagem: ryanmilani, Flickr, Creative Commons)