O poder e a influência que exercem os ratings nos fluxos dos fundos

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Clarism_4, Flickr, Creative Commons

A oferta de fundos de investimento é muito rica e variada. Atualmente, na Europa existem cerca de 32.000 fundos de investimento disponíveis para venda e muitas vezes fazer a seleção é uma tarefa árdua, especialmente quando se trata de escolher o melhor fundo para investir o dinheiro. Que requisitos deve reunir um fundo para atrair a atenção dos investidores? A resposta a essa pergunta poderá ser o reconhecimento, ou seja, o facto de ser um produto que conta com um certificado de garantia de qualidade por parte das empresas de análise. Na indústria, o mais popular e o que aparece na fichas dos produtos é o rating das estrelas por parte da Morningstar, uma ferramenta muito popular entre os investidores - sejam eles particulares ou profissionais.

Segundo explica Fernando Luque, editor na Morningstar, é uma classificação exclusivamente quantitativa. Baseia-se unicamente em cálculos de rendibilidade e risco passados, sem a intervenção de qualquer factor qualitativo na valorização do fundo. O Rating Morningstar não é um indicador de bom comportamento futuro (e um fundo que regista bons resultados no passado não significa que vá conseguir tê-los no futuro), embora sirva como primeiro guia para comparar fundos da mesma categoria. O poder desta métrica para determinar quais os produtos que captam dinheiro e quais sofrem resgates manifesta-se, ano após anos, quando se analisa a evolução dos fluxos de dinheiro nos produtos.

Como aconteceu em anos anteriores, em 2016 os fundos com quatro e cinco estrelas Morningstar experimentaram entradas líquidas de dinheiro, enquanto que os produtos com uma, duas ou três estrelas registraram resgates. Os primeiros registaram captações de quase 350.000 milhões de dólares, enquanto nos segundos o valor foi de 381.000 milhões. Se se focar na percentagem total dos ativos que os fundos com maior classificação representam face aos de um, dois ou três estrelas, observa-se que os primeiros registaram 13,6 biliões de dólares (44% do total), face a quase 8 biliões do segundo grupo (26%). Os 30% restantes estão em produtos que não contam com qualquer rating ao terem um track record inferior a três anos, o que mostra a importância da inovação na gestão de ativos. A mensagem que a Morningstar passa aos gestores é muito simples: "se bates a tua competição, captas dinheiro".

Rating Morningstar Fluxos líquidos estimados 2016 (milhões de $) Total de ativos no final de 2016 ($) Quota de mercado sobre o total de ativos Crescimento orgânico 2016
5 Estrelas 221.000 4,06 billones 13% 6,1%
4 Estrelas 127.000 9,58 billones 31% 1,4%
3 Estrelas -205.000 5,97 billones 19% -3,5%
2 Estrelas -141.000 1,87 billones 6% -7,2%
1 Estrela -35.000 310.000 1% -10,1%

O rating das estrelas é a informação que fala sobre o passado do produto. O "Analyst Rating", que elabora a equipa de analistas de fundos da empresa e que tem classificações distintas (Gold, Silver, Bronze, Neutral e Negative), fala sobre o futuro e as expectativas de cada estratégia. O Gold são os melhores fundos da sua categoria em função de cinco pilares (Pessoal, Gestora, Processo, Rendibilidade e Preço) e que conta com um nível de convicção muito alto, por parte dos analistas da empresa. O Silver é dado aos que apresentam grandes vantagens em vários dos cinco pilares, embora não em todos...e assim sucessivamente. O interessante é que, a julgar pelos dados, a sua influência também é muito significativa no que diz respeito à evolução dos fluxos, dado que o fundos Gold e Silver foram os únicos que, em 2016, registaram entradas líquidas positivas e crescimento orgânico.

Morningstar Analyst Rating Fluxos líquidos estimados 2016 (milhões de $) Total de ativos no final de 2016 ($) Crescimento orgânico 2016
Gold 29.000 3,39 billones 0,9%
Silver 14.000 2,97 billones 0,5%
Bronze -74.000 2,55 billones -3,0%
Neutral -140.000 1,42 billones -9,4%
Negative -14.000 23.000 -38,1%
Under Review -1.000 5.000 -14,3%

Fonte: Morningstar Direct.