O panorama do mercado nacional de fundos de pensões

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Produzido pela PwC para a Associação Luxemburguesa de Fundos de Investimento (ALFI), foi publicado recentemente o relatório Beyond their Borders: Evolution of foreign investments by pension funds - 2020 Edition onde são detalhados e analisados os mercados de fundos de pensões de diversos países mundiais, incluindo Portugal. Especificamente sobre o nosso país e com base em fontes da OCDE, Banco Mundial, IPE e PwC Market Research Center, o relatório dá conta que os ativos sob gestão em fundos de pensões portugueses, no final de 2018, atingiam um valor equivalente a 19% do PIB na mesma data (207 mil milhões de euros). "A proporção de ativos de fundos de pensões em relação ao PIB tem aumentado nos últimos anos, uma vez que estes aumentaram mais rapidamente que o PIB, de 2014 até 2018, com uma taxa de crescimento média acumulada de 20,4% em comparação com um crescimento de 2,2% do PIB no mesmo período. 

Está patente também que "o mercado de pensões em Portugal não está bem desenvolvido". Com AuMs de cerca de 38,9 mil milhões de euros no final de 2018, segundo pode ler-se no relatório "o mercado é extremamente concentrado". Os maiores fundos de pensões detinham mais de 46% dos ativos à data de análise. 

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Realça também o facto de que a grande maioria (69%) dos esquemas de pensões nacionais são de benefício definido (BD), muito embora o peso deste tipo de fundos tenha vindo a diminuir ao longo da última década. 

Já sobre a alocação de ativos, segundo a PwC e a ALFI "a alocação de ativos dos fundos de pensões portugueses mostra um grau de diversificação sólido, com 12% do total de ativos alocados em ações, 71% em obrigações, 8% em produtos do mercado monetário e 9% em investimentos alternativos. A parte alocada a investimentos alternativos diminuiu desde 2014 (20%)".

Apesar do contexto de taxas de juro baixas ou nulas, as obrigações continuam a ser uma parte central das carteiras dos fundos de pensões. Em termos globais, e segundo dados do relatório, no entanto, estes representam 29% dos ativos totais globais. "Ao contrário de ativos de equity, as obrigações permaneceram uma parte estável dos portefólios dos fundos de pensões, rondando normalmente a marca dos 30%". Nesta medida, Portugal surge entre os países com a maior proporção de investimento em obrigações, seguido apenas do México, República Checa e Brazil. 

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Investimento no estrangeiro e em fundos de investimento

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"Portugal não estabelece limites gerais para investimento na Zona Euro por parte dos fundos de pensões. Estima-se que 34% dos seus ativos estavam investidos no estrangeiro no final de 2018", comentam.

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Os fundos de pensões em Portugal investem a maior parte dos seus de ativos diretamente nos mercados financeiros e 29% através de fundos de investimento. O investimento indireto cresceu com o tempo e espera-se que continue esta tendência", pode ler-se no relatório. "Observámos uma correlação (0,75) entre o investimento indireto através de fundos de investimento e os investimentos no estrangeiro. Esta correlação, que se manteve inalterada em relação ao relatório anterior, publicado em 2014, mostra o papel crítico que o investimento em fundos tem no investimento no estrangeiro. Investir em fundos estrangeiros é uma das formas mais eficientes e convenientes para obter exposição a ativos internacionais. Quase qualquer fundo de pensões maduro tende a recorrer a fundos de investimento numa percentagem elevada dos seus ativos no estrangeiro. Sendo muito regulados, estes veículos providenciam ao investidor uma proteção adicional. Estes fundos tendem a ser mais líquidos que a grande parte de outros veículos de investimento e oferecem ao investidor acesso a um conjunto extenso de ativos globais que nem sempre estão disponíveis no mercado doméstico", comenta a PWC no relatório. Como visível no gráfico abaixo, Portugal posiciona-se entre os países com menor alocação a fundos de investimento em relação à alocação a ativos no estrangeiro. 

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Tendências

"Nos últimos anos, as obrigações do Governo Português têm aumentado, oferecendo aos fundos de pensões, tanto diversificação como estabilidade num mercado conservador e que se tem mostrado frágil. Agora, à luz do aumento do índice de dependência da velhice e do rácio Benefício Definido/ Contribuição Definida bastante elevado, os fundos de pensões portugueses deverão adotar medidas apropriadas para diversificar as suas carteiras de investimento em termos de classe de ativos e exposição geográfica", pode ler-se no relatório.