O olhar da CMVM sobre o mercado imobiliário nacional

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Images_of_Money, Flickr, Creative Commons

A CMVM, no seu relatório de outono “Risk Outlook”, descreve a evolução e posicionamento atual do mercado imobiliário nacional. Enquadrando a informação, está patente no relatório que desde a crise do sub-prime, com origem nos EUA, a preocupação com os movimentos do mercado imobiliário cresceu significativamente com o segmento imobiliário a ganhar destaque como uma possível fonte de transmissão de risco em múltiplos sectores. Para o regulador a China surge recentemente como a nação mais exposta ao risco de desenvolvimento de uma bolha no mercado imobiliário, enquanto que outras jurisdições, como o Reino Unido, experienciaram recentemente a suspensão de resgates em diversos fundos de real estate no rescaldo do Brexit. Relativamente a Portugal, a CMVM destaca que não considera que tenha  ocorrido “uma bolha efetiva depois da crise financeira, embora os preços de mercado tenham mostrado uma tendência de subida desde que o mercado contraiu significativamente entre 2010 e o primeiro trimestre de 2013”.

A falta de liquidez no mercado imobiliário, combinada com os empréstimos em incumprimento, puseram os bancos sob stress e geraram potenciais conflitos de interesse em grupos financeiros integrados, com interesses no sector segurador, imobiliário e outras áreas de gestão de ativos”, destaca o relatório. Este tem sido um dos desafios impostos aos sistema tri-partido de supervisão nacional durante os últimos anos, “que promoveu, entre outras iniciativas, a harmonização dos métodos de avaliação”.

Apesar disso, está patente no relatório que “o mercado imobiliário nacional mostra atualmente uma subida relevante do número de casas vendidas, superando os números de 2015”, sendo que “a subida de preço de 6,3% no segundo trimestre de 2016 é mais notória em regiões com enfoque turístico, como Lisboa ou o Algarve, e tem sido resultado de transações de casas usadas”. Esta tendência não é totalmente acompanhada pelas avaliações de imobiliário por parte das entidades bancárias (3,6% de variação anual em agosto de 2016) que “sinalizam que os bancos estão ainda prudentes nas suas avaliações em relação a outros agentes de mercado”.

Captura_de_ecra__2016-12-07__a_s_18

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As taxas de desocupação das propriedades de fundos de investimento imobiliário têm diminuído nos últimos três anos, como revela a CMVM, refletindo, segundo a entidade, “um aumento da habilidade da gestão, especialmente no segmento habitacional”. No relatório é evidente que “as maiores taxas de ocupação não têm sido acompanhadas, em alguns casos, por retornos positivos dos fundos de investimento, devido a um decréscimo significativo nas yields de arrendamento, bem como devido a um ligeiro decréscimo das avaliações efetuadas por especialistas”.

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O regulador dos mercado deixa um aviso: “A recente evolução dos indicadores mencionados apela a uma supervisão cuidada do mercado imobiliário português”.