O “Medo” da liquidez

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(Este artigo de opinião é da autoria da Golden Wealth Management. Leia este e outros artigos no blog da entidade)

Numa base diária e em intervalos de tempo tão curtos como uma fração de segundo, os preços dos diferentes instrumentos financeiros estão sempre a variar de forma ascendente e descendente. Este comportamento de mercado deveria ser aclamado por todos os agentes económicos envolvidos nas transações visto que simboliza a existência de liquidez para os ativos em causa. De recordar que, por definição, a liquidez dá-nos a capacidade de comprar ou vender um ativo num período razoável de tempo e sem afetar o preço do mesmo. Quanto maior for essa liquidez, mais eficiente será esse dinamismo.

Porém, o movimento constante de “sobe e desce” deixa alguns investidores em estado de alerta e stress. Aliás, a vicissitude dos acontecimentos do momento leva-os a questionarem-se das suas estratégias de investimento de longo prazo devido ao medo do curto-prazo. Contudo, é importante perceber que a volatilidade do mercado (consequência da liquidez) é inevitável, e tentar contorná-la, na maioria dos casos, conduzirá a decisões erradas, ou seja, vender em momentos de pânico e comprar em momentos de euforia quando, na realidade, se deveria proceder de forma oposta.

A título de exemplo, olhemos para a Apple - empresa comercializadora de hardware e software. Nos últimos três meses, tem um volume médio de 25 milhões de transações por cada sessão. Por outras palavras, existem milhões de investidores envolvidos na “descoberta” do preço o que aumenta a eficiência do mercado, isto é, quanto mais pessoas transacionarem um bem, mais fidedigno tenderá a ser o seu preço.

Por outro lado, no caso de um investimento imobiliário, a transação é bilateral e a liquidez é reduzidíssima. Temos um indivíduo que compra e outro que vende. Como a casa, apartamento ou outro ativo semelhante não está cotado em bolsa, cria uma falsa sensação de investimento “seguro” porque nenhum investidor vê os preços a moverem-se num ecrã...

Agora, imagine que todos os investidores do mundo poderiam comprar/vender esse imóvel num mercado aberto a todos os agentes económicos. As opiniões relativamente ao preço eram tão díspares que o mesmo variaria de forma errática como resultado das perspetivas de cada investidor. Para além disso, já pensou quanto tempo se demora a vender um imóvel? Em alguns casos, meses ou até anos. Vender uma ação bastante líquida? Segundos.

Contudo, este fator psicológico de observar o movimento dos preços tem um peso tão preponderante na tomada de decisão que é o suficiente para ser classificado como investimento de “risco”... No entanto, caso isso fosse verdade, não poderíamos afirmar que uma alocação num fundo de private equity seria pouco arriscado? Ora, um fundo de private equity caracteriza-se por investimentos em empresas cujo retorno potencial é elevado, mas apresenta alto risco no presente. Porém, como não há cotação no mercado pode criar a tal ilusão de segurança.

A enorme vantagem que é a liquidez ao permitir maior eficiência, transparência e facilidade de entrada e saída do mercado, torna-se uma verdadeira dor de cabeça para quem quer investir nos mercados financeiros. A liquidez funciona como oxigénio para os mercados financeiros e é fundamental que faça parte da análise de investimento na hora de investir.

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