O impacto do COVID-19 nas 100 maiores empresas da bolsa

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JohanvandeSande, Flickr, Creative Commons

A erupção do coronavírus nos mercados de valores não fez uma descriminação por tamanhos em março e uma prova disso vê-se no relatório Global Top 100 Companies by Market Capitalization, que cada ano elabora a PwC. Segundo o mesmo, entre janeiro e março as 100 maiores empresas por capitalização bolsista do mundo perderam em média cerca de 15% do seu valor em bolsa, o que implica uma queda de 21,4 biliões de dólares.

No entanto, segundo consta no relatório, nem todas as empresas bolsistas fecharam o primeiro trimestre deste complicado ano com menor valor bolsista do que aquele que tinham no final de 2019. Na verdade, existiram 10 empresas da lista (Amazon, Tencent, Roche, Netflix, Nvidia, Novo Nordisk, Elly Lilly, NTT Docomo, Tesla e Gilead) que têm resistido melhor aos efeitos da pandemia, vendo crescer a sua capitalização entre os meses de janeiro a março.

Especialmente relevante é o caso da Netflix. Embora tivesse sido um dos títulos que mais viu cair a sua capitalização de abril a dezembro de 2019, no primeiro trimestre do ano converteu-se na segunda empresa de maior crescimento com uma subida de 16% de janeiro a março. A Tesla é outra dessas exceções já que apesar de ser uma empresa automobilística, a sua componente tecnológica e o facto de ter sido uma empresa muito castigada na bolsa no ano passado parece ter pesado na sua cotação, que se duplicou em tempos de COVID-19.

 

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Por regiões, as grandes empresas europeias têm sido as  mais castigadas com uma redução do seu valor bolsista de 25%, face aos 14% das norte-americanas ou aos 11% das chinesas. Nisso influi também a composição por sectores das bolsas de cada um dos mercados. Por exemplo, o do petróleo e do gás foi o mais impactado pelas incertezas causadas pela pandemia, com perdas de 24% da sua capitalização e um valor muito similar, 23%, é o que perderam as empresas do sector financeiro. Do outro lado da moeda encontram-se sectores como o de serviços de consumo, que caiu apenas 6% graças ao bom comportamento de empresas como a Netflix e Amazon, que beneficiaram das medidas de confinamento, e o da tecnologia, cujas perdas médias foram de 14%.

Quando às mudanças que aconteceram no ranking do último ano, a mais relevante foi a erupção de Saudi Aramco no primeiro posto da lista de empresas cotadas do mundo, tirando o posto à Microsoft, que se situa na segunda posição, e juntamente com a Apple, Amazon e Alphabet, formam o top cinco mundial. O top dez fica completo com Alibaba, Facebook, Tencent, Berkshire Hathaway e Johnson and Johnson, das quais metade são tecnológicas.

Contudo, de notar que o cenário com referência ao final de junho será certamente distinto, dada a recuperação agressiva dos mercados, mas os dados da PWC dão uma noção das indústrias que se provaram mais defensivas nesta conjuntura desafiante.