O fundo misto escolhido pelas maiores gestores de fundos internacionais para 2014

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Heiko Brinkmann, Flickr, Creative Commons

Num ambiente em que as ações subiram muito e onde as obrigações se apresentam como uma classe de ativos que poderiam dar mais se não se investir na estratégia adequada, os fundos mistos posicionam-se como um tipo de produtos que tem vindo a ganhar atractividade ao longo do último ano. Os números a nível europeu são contundentes. Segundo os dados da Lipper Thomsom Reuters e da J.P.Morgan Asset Management, o património dos fundos mistos domiciliados no Luxemburgo e na Irlanda passaram, num ano, de 140.000 para 176.000 milhões de euros, o que representa um crescimento de 25,7%.

Os defensores dos fundos multiativos argumentam que não existe nenhuma classe de ativos que tenha tido um comportamento consistente ao longo do tempo, pelo que consideram que uma boa diversificação entre ações, obrigações e matérias-primas pode resultar sempre que existe um controlo rigoroso do risco de carteira. A Funds People realizou um amostra junto dos responsáveis das principais entidade internacionais para perceber qual é o fundo misto para 2014. Veja, por ordem alfabética, quais os fundos estrelas para 2014, no que toca aos fundos mistos.

AMUNDI

Segundo Nuria Trio, diretora adjunta de vendas da Amundi para a Península Ibérica, estamos num cenário onde parece que começamos a ver sinais mais claros de recuperação económica, mas sabemos que ainda existem fontes de incerteza que podem comprometer o crescimento. “Sabemos que há oportunidades, mas também devemos estar conscientes dos riscos. Por isso há que ser global e flexível para puder aproveitar as oportunidades que aparecem e conseguir ter uma reação rápida na proteção das carteiras. Respondendo a essas necessidades, a Amundi propõe o fundo misto Amundi Patromoine, um fundo diversificado de gestão flexível com um amplo universo de investimento, onde se pode investir naqueles ativos onde a equipa de gestão vê mais oportunidades, tanto a nível da classe de ativos como a nível geográfico ou sectorial e sem estar sujeito a um benchmark. A gestão é feita de forma ativa e por convicções, podendo adaptar-se à realidade económica e a ter uma reação antes dos acontecimentos nos mercados.  Para que isso aconteça, a gestão ativa do risco é fundamental, reduzindo-o quando as condições dos mercados pioram e aumentando quanto os níveis de stress se reduzem. O seu objetivo de rendibilidade é de 5% sobre Eonia, para um investimento mínimo de cinco anos (sem garantia de capital nem de rendibilidade), mas procurando a preservação de capital para resistir melhor em caso de quedas nos mercados”, explica.

 

BLACKROCK

O fundo misto estrela para 2014, da BlackRock, será o BGF Global Allocation. É um fundo misto flexível altamente diversificado com mais de 700 posições em carteira em todos os tipos de ativos. A filosofia do fundo é combinar o conhecimento e a experiência dos analistas, dentro de um processo ativo de controlo de risco na escolha dos ativos, que combinada com uma análise intensiva, fundamental e bottom-up de seleção de ativos. Os gestores Dennis Stattman, Dan Cahmby e Aldo Roldan supervisionam a combinaçãoo dos ativos e das estratégias de investimento, por regiões, sectores e divisas. A equipa de investimento é formada por 40 profissionais dedicados à gestão e administração do fundo. Os analistas têm um grau de flexibilidade muito grande para conseguirem desenvolver as suas ideias de investimento e têm experiencia em ações e em obrigações, explicou Luis Martín diretor de vendas da BlackRock Iberia.

 

DEUTSCHE ASSET & WEALTH MANAGEMENT

Os investidores que querem diversificar, investir em dívida e em ações mas que temam a sua volatilidade podem apostar no DWS Concept Kaldemorgen. Esta é a proposta de fundo misto para 2014 da Deutsche Asset & Wealth Management. “Trata-se de uma solução inovadora para participar nos mercados acionista sem assumir um risco integral. Embora as perspetivas económicas e o apoio monetário dos bancos centrais em todo o mundo sejam atualmente positivas, não se pode descartar algumas surpresas negativas em 2014. O fundo permite ao investidor controlar o risco e participar no crescimentos dos mercados acionistas mundiais, mas concentra-se em limitar os riscos de cair um terço dos mercados de ações. O objetivo do fundo é ter a volatilidade de um dígito combinada com a limitação das perdas máximas possíveis para 9,9% ", dizem da equipa de Pedro Dañobeitia. Desde a sua criação, o fundo tem uma volatilidade real de um terço do MSCI World, embora tenha posições em mais de 50% do índice. "Essas qualidades assimétricas dotam o fundo de uma adaptabilidade para todos os tipos de carteiras. "

FIDELITY

"Esperamos que o crescimento global em 2014 seja positivo, mas não muito alto, impulsionado principalmente pelos mercados desenvolvidos. Os bancos centrais continuam a fornecer liquidez e a expandir os seus balanços, mesmo com a Fed a reduzir as suas compras de ativos. Isto irá apoiar os mercados de ações, que devem continuar a comportar-se melhor do que as outras classes de ativos, como as obrigações”, explica Sebastian Velasco, diretor da Fidelity Worldwide Investment para a Iberia. No entanto, o responsável acha que muito dificilmente os rendimentos das diferentes classes de ativos atinjam os valores de 2012 e 2013. "Assim, os rendimentos vão ser um componente importante para alcançar retornos totais consistentes, tal como a gestão ativa e seleção apropriada. O foco nas ações está nos mercados desenvolvidos, onde os bancos centrais estão a ser pró-ativos e apoiar o crescimento . Nas obrigações, os fatores que catalisam a procura de rendimento vão continuar. Isto significa que o high yield tem potencial para superar outros tipos de obrigações”. O fundo misto escolhido pela gestora é o Fidelity Portfolio Selector Moderate Growth Fund.

 

FRANKLIN TEMPLETON

O fundo apontado por Ramón Pereira é o Templeton Global Balanced. Um fundo misto com um peso histórico das ações acima de 60%. As ações são geridas pela Templeton sob um estilo value e seleção pura de empresas. “A Templeton tem mais de 60 anos a gerir ações mantendo-se fiéis à sua filosofia de investimento com um horizonte temporal a longo prazo”, explica o responsável pelo escritório da Franklin Templeton para a Iberia. Em termos de ações, as principais apostas vão para a Europa face aos Estados Unidos e uma ligeira sobreponderação a Ásia. As obrigações  são geridas por uma equipa encabeçada por Michael Hasenstab e replica as estratégias do Templeton Global Bond: investimento em obrigações governamentais com durações curtas e obrigações emergentes em divisas locais contra obrigações dos países desenvolvidos.

J.P. MORGAN ASSET MANAGEMENT

Para o diretor da J.P.Morgan AM para a Iberia, Javier Dorado, o fundo escolhido é o JPM Global Income. Este fundo investe em ações e obrigações em termos globais. “É um fundo com um objetivo de volatilidade intermédio, entre 7%-10%, que tem mostrado um excelente comportamento desde do seu lançamento em dezembro de 2008. Tem um risco que o diferencia da maior parte dos fundos: tem um objetivo de pagar o maior rendimento possível com uma periodicidade trimestral. Historicamente esse rendimento foi acima de 4% (o último foi de 4,9%). A equipa de gestão tem flexibilidade suficiente no que toca às regiões e aos setores para encontrar e investir em ativos que pagam uma renda mais elevada (ajustados ao risco) , a fim de capturar e distribuir. Esta estratégia é o complemento perfeito para qualquer investidor que não quer desistir de uma possível valorização do capital ou um rendimento atrativo na forma de liquidez trimestral."

PIONNER INVESTMENTS

Os fundos multiativos e multi-estratégias é uma tendência que a Pionner Investments quer aplicar em 2014. “É uma tendência que está a ganhar peso nos últimos meses  nas entradas de dinheiro na indústria de gestão de ativos como substituto das saídas nos fundos de obrigações”, asseguram Almudena Mendaz e Teresa Molins, diretoras de venda da Pionner Investiments para a Península Ibérica. O fundo escolhido para 2014 é o Pioneer Funds – Multi Asset Real Return e é um produto multi-ativo gerido por Michele Garau, que investe em qualquer classe de ativos de forma flexível. O produto não está limitado a nenhuma classe de ativos concreta e adopta posições diferentes em todas elas. “Uma abordagem multi ativos é a chave para obter rendibilidade já que não há nenhuma classe de ativos capaz de dar a melhor rendibilidade em qualquer ciclo de mercado, de forma consistente. Este mix de ativos proporciona uma menor volatilidade e proteção contra a inflação, indicam.

 

SCHRODERS

Para aqueles investidores que procuram exposição em ações mas que não se atrevem a dar o salto, a Schroders considera que os fundos multiativos têm um grande interesse e que podem combinar, de forma eficiente, a exposição a ativos defensivos e de crescimento, segundo os mercados. Para Carla Bergareche, diretora geral da gestora para a Iberia, o fundo escolhido é o Schroder ISF Global Dynamic Balanced, gerido por Gregor Hirt. O fundo é um produto multiativo que oferece um potencial de crescimento ao mesmo tempo que gere as queda dos mercados, evitando desvalorizações acima de 10% num período de 12 meses. “Este fundo está desenhado para aqueles clientes que apresentam um perfil de risco médio e que querem captar parte da subida dos mercados mas que não estão dispostos a sofrer com as potências quedas na bolsa. Acreditamos que a forma mais eficiente de construir carteiras diversificadas não é através das percentagens por classe de investimento mas sim aprofundarndo os riscos que há por trás de cada uma delas. Esta forma de gerir tem demonstrado com o passar do tempo que aqueles períodos onde é mais necessário diversificar, normalmente períodos de stress de mercado, se consegue uma maior proteção e nos momentos de subida se consegue aproveitar a mesma”.

 

UBS GLOBAL AM
 
O fundo multi-ativo que Juan Infante, diretor da UBS Global AM sugere para 2014 é o UBS (Lux) Key Selection SICAV-Global Allocation Focus Europe. A carteira do fundo é gerida ativamente e de forma diversificada a nível global, mas com preferência para a Europa (43% do capital investido). 85% da carteira está destinada a empresas de grande capitalização. “Para os investidores é muito fácil perder de vista a fotografia geral dos mercados. No entanto, a paciência e a disciplina pode ser muito rentável se ocorrer uma melhoria no meio envolvente. A chave para o êxito nos investimentos a longo prazo é seguir um caminho claro, independente dos estados de espírito do mercado e das tendências em cada momento”.