O fundo com que as gestoras internacionais vão enfrentar um mercado de obrigações que se espera difícil em 2014

4232187580_e6db3dc53c
fdecomite, Flickr, Creative Commons

As obrigações espera-se que sejam uma classe de ativos especialmente difícil em 2014. As gestoras internacionais sabem disso e, por isso, ao longo dos últimos meses têm tido uma especial preocupação em dar um maior enfoque aos produtos que se podem comportar melhor num cenário de possíveis subidas de taxas de juro. Entre os fundos de investimento mais recomendados pelos responsáveis das gestoras internacionais para a Ibéria existem duas tendências. Por um lado destacam-se produtos com durações curtas e, por outro, fundos globais e flexíveis, capazes de construir posições longas e curtas em todo o espectro das obrigações.

Os responsáveis das entidades estrangeiras para a Ibéria, revelam-nos então qual o seu fundo estrela de obrigações para 2014 e as razões dessa eleição.

Amundi

Nuria Trio, diretora geral-adjunta de vendas da Amundi para Espanha e Portugal, elege o Amundi Funds Bond Global Aggregate. A especialista aponta este fundo de obrigações globais porque na gestora apostam numa exposição global para que se possa construir uma carteira mais robusta. “O fundo gerido por Hervé Hanoune, procura acrescentar valor graças à gestão ativa da duração e diversificação entre classes de ativos, podendo procurar rendimentos nos mercados emergentes, no de crédito ou nas divisas, algo que é crucial no atual contexto de baixas taxas de juro. Tem um estilo de gestão ativa, flexível e dinâmica, que é capaz de se adaptar a todos os ciclos e condições de mercado, aproveitando o valor que é encontrado em cada momento. A gestão do risco é essencial para construir a carteira. Cada posição é avaliada de acordo com a sua contribuição para o risco da carteira, enquanto a liquidez é controlada de forma constante”, explica Trio. O fundo tem 5 estrelas atribuídas pela Morningstar.

 

BlackRock

O fundo estrela de obrigações selecionado por Luis Martín, diretor de vendas da BlackRock para a Ibéria, é o BSF Fixed Income Strategies Fund. Trata-se de um fundo flexível que procura gerar 300 pontos base anuais sobre o EONIA, bruto de comissões, num ciclo de mercado. O fundo não se baseia numa estratégia única para gerar alfa e os seus retornos provêm da diversidade de estratégias, centrando-se principalmente nas que têm um valor relativo. A carteira do fundo gerido por Michael Krautzberger está normalmente constituída por cerca de 30% de obrigações governamentais, e pode investir até 70% em obrigações corporativas. Tem um máximo de 25% investido em obrigações sem grau de investimento. Centra-se principalmente em estratégias de valor relativo. Este produto tem um ponto de partida de duração zero, e tem a flexibilidade de se tornar curto na duração, para que consiga oferecer proteção aos investidores face à subida das taxas de juro.

 

DEAWM

Depois do debate sobre o tapering e sobre a volatilidade das taxas de juro em 2013, na Deutsche Asset & Wealth Management acreditam que em 2014 as rentabilidades irão aumentar. “No entanto, há que assinalar diferenças. A Fed foi o primeiro Banco Central a começar uma política monetária ultra-flexível e supomos que será o primeiro a sair dela. Desta forma, dado que Draghi faz de tudo para convencer os mercados do “mantra” das baixas taxas de juro a longo prazo do BCE, os investimentos em obrigações denominados em euros poderiam ser superiores. Os analistas da DeAWM mostram que a dívida corporativa está a atravessar um bom momento. Para além disso, atualmente a dívida corporativa conta com maior rendimento do que a dívida soberana, o que a torna muito mais atrativa”, afirmam. Para proteger as carteiras dos investidores contra os potenciais aumentos das taxas, na entidade consideram que um posicionamento a curto prazo pode ser a postura a adotar. “Acreditamos que o DWS Invest Short Duration Credit oferece um grande valor para o próximo ano: uma rentabilidade atrativa combinada com uma proteção contra o aumento das taxas. A qualidade de crédito total da carteira é boa, com uma classificação média de A-“, dizem da equipa de Pedro Dañobeitia.

 

Fidelity

Nas obrigações, a eleição da equipa chefiada por Sebastián Velasco é o FF European High Yield Fund. Segundo explica o responsável da Fidelity Worldwide Investment para a Ibéria, o quadro geral macro oferece um contexto favorável para o high yield europeu em 2014. “A Europa está a encaminhar-se para a recuperação mas o crescimento é escasso. O elevado desemprego e a austeridade continuam a ter um peso significativo. Tendo em linha de conta estes fatores e a ausência de pressões inflacionistas, o BCE confirmou que vai manter as taxas “mais baixas durante mais tempo”, fomentando assim o interesse pelos investimentos em high yield. Os fundamentais são sólidos e, apesar das empresas continuarem em modo defensivo, esperamos que as taxas de incumprimento permaneçam firmemente abaixo da média histórica ao longo do próximo ano. Para além disso, o quadro técnico está bem suportado pela procura de rendimentos que alimentam os fluxos de capitais desta classe de ativos, o que contribuirá para outro bom ano de emissões”. Embora os rendimentos historicamente baixos representem um dilema em termos das valorizações, na opinião da gestora os diferenciais continuam a oferecer uma boa “almofada”. “Tal como tem acontecido historicamente, os cupões vão ser provavelmente o principal motor das rentabilidades no próximo ano: o cupão médio do índice é atualmente ligeiramente superior a 7%”.

 

Franklin Templeton

Fundo de obrigações multiestratégia com flexibilidade total na gestão, sem que existam limites por sector, qualidade de crédito ou divisa. Esta é a classe de produto em que Ramón Pereira aposta para 2014, e a que, na sua opinião, representa o Franklin Strategic Income. Segundo explica o responsável da Franklin Templeton para a Ibéria “num contexto de taxas de juro em mínimos históricos apostamos em estratégias que podem sair beneficiadas de um cenário de subidas das rentabilidades nas obrigações. O Franklin Strategic Income historicamente tem investido pelo menos 70% em dólares, e cerca de 30% em obrigações globais. As principais apostas no fundo são o high yield (26% da carteira), as obrigações globais (24%) e os empréstimos (sénior bank loans que ocupam 17%). O posicionamento permite ao fundo ter uma rentabilidade até ao vencimento de quase 4%, com um rating médio de BBB”, afirma o responsável da Franklin Templeton para a Ibéria.

 

J.P. Morgan AM

Segundo Javier Dorado, diretor geral da J.P. Morgan AM para Portugal e Espanha, 2013 foi um ano em que infelizmente muitos investidores descobriram o risco que têm na sua carteira de obrigações, quando pensavam precisamente o contrário, ou seja, que esta era uma alocação conservadora dos seus investimentos. “Depois de 30 anos de bom comportamento das obrigações, as expectativas a médio prazo são agora mais complicadas. O JPM Income Opportunity é um fundo pensado para aqueles investidores que querem ter exposição a ativos de obrigações, com um perfil de risco baixo, e que decidem delegar a identificação das melhores oportunidades  dentro de todo o universo  das obrigações (desde ativos monetários até dívida corporativa de high yield) numa equipa com mais de 20 anos de experiência. A seleção de ativos realiza-se com um mandato flexível, o que supõe que o fundo pode ter uma duração flexível, assumir posições curtas ou variar de forma agressiva a alocação de ativos, com o objetivo de beneficiar de qualquer contexto de mercado com um nível baixo de volatilidade”, explica o responsável.

 

Pioneer Investments

Depois de 30 anos de um mercado bullish nas obrigações, onde a rentabilidade média oferecida por uma obrigação do tesouro norte-americano a 10 anos era de quase 9%, a visão da gestora para 2014 é de que as obrigações vão procurar a preservação de capital, passando das poucas fontes de alfa para muitas fontes, de forma a que se procure a descorrelação e se tentem gerar retornos positivos adicionais na parte core do fundo, tal como estratégias de retorno absoluto. “Vai ser muito importante o trabalho dos analistas de crédito na hora de selecionar emissões”. A escolha de Almudena Mendaza e Teresa Molins, diretoras de vendas da Pioneer Investments para a Ibéria, é o Pioneer Funds – Euro Corporate Short Term. Trata-se de um fundo de obrigações de curto prazo, que investe numa carteira de obrigações corporativas e que utiliza outras estratégias de alfa, com vencimentos a muito curto prazo em euros, de forma a dar ao fundo uma rentabilidade adicional. O fundo é gerido pela equipa de obrigações europeias: Tanguy Le Saout, diretor de obrigações soberanas e corporativas europeias e Garret Walsh, responsável da equipa de crédito europeu.

 

Schroders

Segundo Carla Bergareche, diretora geral da Schroders para Espanha e Portugal, os investidores deverão continuar a mostrar-se ágeis em 2014. “Na gestora acreditamos que há oportunidades de investimento em obrigações globais, mas a seleção, a análise macro e a flexibilidade vão ser  cruciais para captar rentabilidades superiores no próximo ano e aproveitar as oportunidades que geram incerteza”. Por esta razão, a grande aposta de Bergareche é o Schroder ISF Strategic Bond, gerido por Bob Jolly, já que é um fundo que ao ter um enfoque de investimento global e flexível pode adaptar-se às mudanças do mercado, para aproveitar as oportunidades que surjam em cada momento, podendo investir em dívida soberana e corporativa de mercados desenvolvidos  e emergentes, high yield, divisas e Asset backed securities. “Esta gestão ativa e flexível permite ao fundo adaptar as posições de investimento aos distintos eventos e contextos de mercado sem limitações de duração”, afirma.

 

UBS Global AM

Um fundo global flexível é a alternativa que a UBS Global AM tem para lidar com o difícil contexto que se vive no mercado de obrigações. O produto mais aconselhado pela gestora no próximo ano será o UBS (Lux) Bond SICAV-Global Opportunities Unconstrained. Segundo explica Juan Infante, responsável da UBS Global AM para Portugal e Espanha, supõe uma solução global e sem restrições para o problema das obrigações. “Muitas vezes os gestores têm uma capacidade limitada para ajustar a exposição às mudanças de contexto, vendo-se obrigados a investir em sectores em que não acreditam. Este é um produto que procura obter retornos atrativos no médio prazo, independentemente das condições de mercado, através da construção de posições longas e curtas e do controle de risco”.