O elevado custo que pode supor um ‘estado’ de nervos perante investimentos em ações

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Rbanks, Flickr, Creative Commons

No início do mês, os mercados de ações europeus atravessaram uma semana de convulsão e nervosismo, na qual a volatilidade se converteu na tónica dominante. A incerteza que geraram as tensões entre Bruxelas e Atenas sobre o programa de resgate grego, com um referendo pelo meio, provocaram uma semana vertiginosa nos mercados, com os principais índices europeus a registarem nos primeiros dias fortes quedas para depois subirem, inclusivamente, para níveis acima dos apresentados no arranque de segunda-feira.

Este comportamento pressupõe uma importante lição sobre a importância de manter a calma em períodos de convulsão. Isto é, quem tiver saído do mercado em momentos onde o medo foi superior, perdeu a subida que se registou logo depois. O que sucedeu na primeira semana de julho circunscreve-se a um período muito curto (cinco sessões). No entanto, se se tiver como referência um período mais longo, os resultados são ainda mais contundentes. Assim comprova um estudo da J.P. Morgan AM publicado no seu Markets Insights, no qual a gestora compara quais foram as rentabilidades intra-anuais face às rentabilidade de anos naturais oferecidas pelo MSCI Europe Index desde 1980. Os resultados mostram que, apesar de existirem quedas intra-anuais médias de 15,6% (11,9% a mediana), as rentabilidades anuais são positivas em 27 dos 35 anos.

Isto é: em 27 anos o MSCI Europe atravessou períodos intra-anuais nos quais a rentabilidade do índice era negativa mas, no fecho do ano a mesma passava para um valor positivo. Em 2012, por exemplo, chegou a perder 15%. Nesse mesmo ano, o índice termina com uma subida de 12%. Outro caso chamativo foi o vivido em 1997, quando o MSCI Europe chega a cair 12% para acabar o ano com ganhos de 35%. “A conclusão é que a volatilidade intra-anual faz parte do mercado acionista. Até nos bons anos das ações se registam momentos de fortes perdas. Isto é algo que deverá ser assumido pelo investidor”, explica à Funds People Manuel Arroyo, diretor de Análise e Estratégia da J.P. Morgan AM para Espanha e Portugal.

Vender quando as bolsas recuaram e comprar quando subiram é algo mais habitual do que se possa pensar. As decisões nem sempre são racionais e isto pode acarretar um elevado custo na rentabilidade final obtida pelo investidor. De facto, na Fidelity Worldwide Investment conseguir quantificar esse custo. A gestora publicou um recente estudo no qual estima qual teria sido o retorno conseguido por um investidor nos últimos 17 anos em diferentes mercados, retirando as cinco sessões nas quais a bolsa registou as maiores subidas, dias que, por sua vez, tendem a ocorrer após severas correções. A gestora também realizou o mesmo estudo excluindo as 30 sessões de maior ‘upside’ durante esse período de tempo. As diferenças são muito significativas e convém analisá-las com atenção. (pode fazê-lo através deste link)