O custo de cobrir ativos denominados em dólares: o que pensa Richard Woolnough

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Num contexto no qual as oportunidades de investimento não abundam, existem problemas acrescidos na altura de capturar as que se apresentam. Isto está a acontecer, por exemplo, no mercado de obrigações americano, onde a rentabilidade que o Tesouro dos Estados Unidos oferece já está acima dos 3%, um nível muito atrativo sobretudo se se comparar com as yields que se podem encontrar na Europa. O problema é que o custo que representa cobrir os ativos denominados em dólares é caro para os investidores europeus. Ao longo dos últimos quatro anos não deixou de subir e atualmente move-se em torno dos 3%.

O catalisador principal deste custo é o spread de taxas a curto prazo entre os Estados Unidos e a Zona Euro. Com uma Reserva Federal que no seu roteiro contempla claramente subidas adicionais e um BCE que está muito atrasado quanto à subida de taxas (pela situação distinta que a economia europeia vive), prevê-se que este custo possa continuar a aumentar. Perguntámos a Richard Woolnough sobre este tema, gestor do M&G Optimal Income, um dos fundos de obrigações flexíveis mais populares na Europa que quis explicar à Funds People como estão a lidar com esta situação na M&G Investments.

O custo de cobertura é caro. Há dois segmentos. O mais comentado é o das taxas de juro a curto prazo. É um custo real, mas se a sua intenção é a de manter o ativo em carteira durante muito tempo e se faz rolling da cobertura a cada três meses, a fórmula matemática está programada dentro da análise de mercado, como na Bloomberg. É o que lhe mostra o custo real da cobertura. E não é tão caro como uma cobertura a curto prazo. Isto é porque o custo de cobertura muda com o tempo”, afirma.

Segundo Woolnough, dado que na Europa a previsão é de que as taxas de juro aumentem e que nos Estados Unidos estabilizem, o custo de cobertura atualmente não é o mesmo de amanhã ou de dentro de 5 ou 10 anos. “Por isso, observamos o forward, para termos uma ideia do custo real. Tem de se relacionar a cobertura com o tempo de vida do ativo em carteira. É como quando se tem uma hipoteca de taxa fixa ou variável. Ambos são custos de cobertura reais, mas dão respostas diferentes”, assinala o gestor de renome, que deu uma entrevista à Funds People que verá a luz do dia no próximo número da revista.