O crescimento da economia portuguesa desacelera no segundo semestre de 2018

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hogtown_blues, Flickr, Creative Commons

A BBVA Research, de acordo com os dados mais recentes, estima que o crescimento da economia portuguesa no quarto trimestre de 2018 se terá situado em torno de 0,4%. Com a procura interna a manter-se como o principal suporte da atividade, o setor externo manteve um contributo negativo para o crescimento de acordo com a previsão da BBVA Research para o crescimento do PIB português em 2018 (+2,1%) e em 2019 (+1,8%).

Desaceleração da economia no terceiro trimestre de 2018

A economia desacelerou no terceiro trimestre de 2018 e o crescimento do PIB de Portugal manteve-se moderado en 0,3% no terceiro trimestre de 2018 (2,1% face ao período homólogo). Isto deveu-se particularmente ao aumento da formação bruta de capital e do crescimento do consumo final nacional, apesar da forte contração da procura externa. Esta expansão causou um aumento do emprego que foi, ainda assim, inferior ao do trimestre anterior.

A procura interna sustém a atividade económica

O avanço do PIB apoiou-se na procura interna que contribuiu com +1,1 pontos percentuais para o crescimento do terceiro trimestre de 2018 enquanto o contributo da procura externa líquida passou de nulo a negativo, em -0.8 pontos percentuais.

Os indicadores de despesa e do mercado laboral demonstram um estancamento do consumo privado. Apesar das vendas retalhistas terem aumentado em outubro e terem continuado a crescer em novembro, a confiança dos consumidores não recuperou o otimismo do início do ano e continuou em terreno negativo.

Relativamente à despesa com investimento, o índice de produção de maquinaria e equipamentos aumentou em outubro e novembro em +4,1% e 3,1%, respetivamente.

No caso do investimento imobiliário, as informações registadas continuam a demonstrar uma recuperação no sector. Do lado da oferta, os dados da habitação registaram fortes crescimentos em outubro e novembro (+60,2% e 46,1%, respetivamente).

O crédito hipotecário desacelerou o crescimento interanual, de 44% na média em 2017, para 22,0%, registado entre janeiro e outubro de 2018, e a mesma tendência é demonstrada pelo crédito ao consumo, particularmente a partir da segunda metade do ano.

A procura externa caiu no terceiro trimestre de 2018

De acordo com o previsto, as exportações de bens e serviços caíram no terceiro trimestre de 2018, -3,6%, depois de crescerem +2,3% no trimestre anterior, enquanto as importações o fizeram em -1,9%. Assim, a procura externa líquida voltou a contribuir de forma negativa para o crescimento da economia portuguesa no terceiro trimestre de 2018 (-0,7 pontos percentuais).

Em relação aos bens, as exportações e importações caíram em torno de 3,0%, com diminuições generalizadas das vendas portuguesas para os principais países europeus. No caso dos serviços, as exportações caíram -5,2%, enquanto as importações aumentaram (+2,3%).

Os dados do sector externo mostram que as vendas nominais de bens para o exterior acumulam dois meses de quedas intermensais (-2,1% em outubro de 2018 e -5,2% em novembro de 2018). Do lado oposto, as importações nominais de bens aumentaram tanto em outubro como em novembro.

Já o sector turístico ainda não recuperou. Após os crescimentos interanuais numa média em torno de 10% em 2017, nos três primeiros trimestres de 2018 não atingiu sequer 3%. Os dados mais recentes refletem uma melhoria no número de turistas.

O mercado laboral mantém o crescimento do emprego

No terceiro trimestre do ano, continuaram a ser criados postos de trabalho em Portugal: +0,3% (+2,1% face ao período homólogo) e a taxa de desemprego voltou a baixar, atingindo 6,8%, o nível mais baixo desde 2002. Os setores dos serviços e industrial foram os que mais contribuíram para o crescimento do emprego.

O crescimento poderá situar-se em cerca de 1,8% em 2019

Em 2019, o crescimento poderá situar-se perto de 1,8% e o investimento e o consumo privado continuarão a contribuir positivamente para o avanço da economia. O cenário global em conjunto com a política económica acomodatícia e os baixos preços do petróleo, continuará a favorecer o crescimento.