Fevereiro na ótica dos gestores de fundos de ações nacionais

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Diet Bos, Flickr, Creative Commons

O mês de fevereiro foi negativo para os principais mercados mundiais, que estiveram sobre pressão com o aceleramento da inflação, chegando mesmo a entrar em terreno negativo. Em Portugal, apesar do desempenho superior ao dos mercados europeus, a crescente volatilidade nos mercados acionistas pressionou a performance dos fundos. No mercado nacional confirmou-se a maior subida do PIB desde 2000, com um crescimento de 2.7% em relação a 2017. O que pensam os gestores de fundos de ações nacionais sobre o aumento da volatilidade do mercado em fevereiro? Consultámos as fichas de produto deste mês e reunimos as opiniões dos gestores portugueses.

Em Portugal o destaque vai para a Semapa e para a EDP Renováveis que uniu opiniões positivas entre gestores deste tipo de produtos. Pedro Barata, gestor do NB Ações Europa, da GNB Gestão de Activos, destaca a valorização de 4,7% da Semapa e de 1,8% da EDP Renováveis, enquanto os gestores do BPI Portugal elogiam particularmente os bons resultados do 4º trimestre da EDPR, que apresentou “excelentes dados operacionais de utilização de capacidade que subiram de 30% em 2016 para 34% em 2017.”

No entanto, tendo em conta o contexto dos mercados internacionais, em particular a expectativa da subida das taxas de juro a um ritmo mais acelerado nos EUA, a tomada de posse do novo presidente da FED e, na Europa, a incerteza provocada pelas eleições em Itália e o referendo e a necessidade de ratificar a coligação na Alemanha, fevereiro foi um mês difícil para todos. Dolores Solana gestora do Santander Ações Portugal, da Santander Asset Management, dedica especial atenção à subida da inflação nos EUA, que “fez com que o diferencial entre a taxa norte-americana e alemã alargasse, permitindo ao dólar aliviar das perdas recentes ao apreciar 1,77% face ao Euro”.

No mercado nacional assistimos a um desempenho superior ao dos restantes fundos internacionais, com o PSI20 a desvalorizar em 3,4%, e um aumento na volatilidade que representa “uma perda numa dimensão que já não ocorria desde janeiro de 2017”, comenta Pedro Barata.

Nuno Marques, do IMGA Ações Portugal concorda com os gestores de outros fundos nacionais, destacando, pela negativa, o desempenho do BCP e da Impresa, que apresentaram as maiores quedas, de 8,4% e 21,9% respetivamente. Relativamente aos resultados do BCP, a equipa de gestão do BPI Portugal explica que “em 2018 continuaremos a ver o banco prosseguir com um elevado esforço de provisionamento”.

Apesar de tudo, Pedro Barata fecha o mês com um tom otimista, explicando que apesar do aumento da volatilidade e da desvalorização deste mês, acredita “que o bom momento que a economia portuguesa atravessa continuará a refletir-se nos resultados das empresas portuguesas, nomeadamente naquelas mais expostas ao consumo interno.