Novembro pelos olhos dos gestores de fundos de ações nacionais

espanta_espititos
ChromaticOrb, Flickr, Creative Commons

Num mês em que mercado português de ações caiu, em linha com o que aconteceu com os mercados europeus, torna-se importante entender qual a opinião dos gestores destes fundos sobre a evolução do mercado e o comportamento dos seus produtos. Os CTT e a NOS encontram-se em lados oposto da barricada, com os primeiros a liderar as quedas e a segunda a liderar os ganhos, situação que, inevitavelmente, condicionou o mercado. O que pensam os gestores de ações nacionais sobre a evolução do mercado em novembro? Consultámos as fichas de produto referentes a este mês, e trazemos-lhe hoje as perspetivas das equipas de gestão.

Pedro Barata, gestor do NB Ações Europa, refere “a evolução da NOS que valorizou 11%. Pela negativa, registe-se o comportamento dos CTT e da Pharol, com uma desvalorização de -35,7% e -27,2%, respetivamente”. Refere também que o mercado foi penalizado pela “enorme queda da cotação dos CTT e pela valorização do euro face ao USD”, embora destaque que o crescimento da economia portuguesa antevê que a tendência positiva se mantenha até ao final do ano.

No entanto, apesar dessa tendência positiva que se tem vindo a registar, a verdade é que em novembro o mercado acionista português desvalorizou cerca de 2%, o que também aconteceu com o mercado europeu. Na Alemanha, como referem da gestão do BPI Portugal, fundo com selo Consistente da Funds People, existe o problema de Angela Merkel continuar com dificuldade em formar governo, enquanto que em Portugal o Orçamento de Estado para 2018 criou “algumas brechas entre os partidos que apoiam o Governo devido à não inclusão de um imposto às energias renováveis”. Para Nuno Marques, do IMGA Ações Portugal, as negociações em torno da saída do Reino Unido da União Europeia e o reforço das estimativas do BCE para o crescimento económico também marcaram a agenda durante o mês de novembro.

Dolores Solana, gestora do Santander Ações Portugal, destacou ainda a “forte subida do Euro face ao Dólar norte-americano (+2,5%), afetando negativamente as empresas exportadoras e conduzindo o Eurostoxx50 a recuar 2,8%”. Refere, em contrapartida, que a queda do dólar levou o S&P500 a subir 2,6%. No comentário que fez sobre o mercado, Dolores Solana explicou ainda que, nos Estados Unidos, os mercados estavam virados no sentido de uma nova subida da taxa de referência, para 1,5%, na reunião de 13 de dezembro da Reserva Federal, tendo acabado por se fixar no intervalo entre 1,25% e 1,5%.

Quanto ao facto de os CTT terem apresentado resultados que classificam como "muito fracos", com uma queda de 46% do EBITDA, no BPI Portugal sublinham que a importância do plano de corte de custos, anunciado no passado dia 19 de dezembro, com vista a estancar as quedas no EBITDA e acalmar os mercados. Na verdade, logo no dia seguinte à divulgação deste plano, as ações dos CTT dispararam 10,93%, o que elimina quase metade das perdas sofridas desde que no final de outubro.