Nova abordagem comercial e estrutura accionista reforçada: A SGF em 2018

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Felipe Borges, Flickr, Creative Commons

O Relatório e Contas da atividade da entidade gestora de fundos de pensões independente SGF deixa claro que, independentemente da forte desvalorização ocorrida nos mercados financeiros no final de 2018, a entidade captou, durante o ano, cerca de 8,2 milhões de euros, com a subscrição de PPR a atingir os 3,7 milhões de euros e os fundos de pensões abertos 3 milhões de euros. “Este facto é muito relevante na medida em que os PPR representam na SGF uma percentagem superior e muito significativa face ao mercado deste produto, que consideramos o melhor instrumento financeiro disponível em termos de eficácia, simplicidade e liquidez”.

Os períodos de volatilidade que assolaram os mercados terminaram, segundo se lê no relatório com “o último trimestre do ano a atingir níveis de desvalorização que há dez anos não se verificavam. Em consequência, a pressão dos reembolsos foi igualmente crescente, especialmente dos participantes investidos há mais tempo e que procuraram outro destino para as suas poupanças. A política de retenção então decidida e executada deu os seus frutos, o que em paralelo com excelentes performances do PPR Stoik Ações, do FPA Empresas Stoik Ações e Square Ações, que ao longo do ano lideraram os rankings das rentabilidades da APFIPP, permitiu mesmo assim, um menor nível de perda de ativos sob gestão "Golden Wealth Management assume posição maioritária na SGF.

Salienta-se também que a SGF foi “selecionada para criar e gerir dois fundos de pensões abertos, o Empresas Equilibrado e o Empresas Garantido, da BNP Paribas Personal Finance”.

Em termos da estrutura acionista da entidade a gestora de fundos de pensões destaca que em dezembro de 2018, foi subscrito um aumento de capital pela Golden Actives no valor de 200.000€, elevando o capital social para 2 milhões de euros. Já em janeiro de 2019, o acionista SNQTB vendeu à Golden Actives, uma parcela da sua posição que permitiu a esta empresa deter a maioria do capital e o controlo da SGF.

Perspetivas de futuro

“Para 2019, fruto da clarificação da liderança da empresa e da possibilidade de utilização plena de uma rede comercial profissional, espera-se um forte impulso no crescimento dos ativos sob gestão”, comenta a SGF no seu relatório. “No próximo ano, a SGF deverá continuar a beneficiar da crescente consciencialização da população para a problemática da reforma e do seu posicionamento de sociedade gestora independente de grupos financeiros, prevendo-se a continuação do incremento da atividade e do crescimento dos ativos sob gestão. As alterações implementadas em 2018, o esforço comercial renovado e as sinergias a obter com o novo acionista maioritário permitem olhar para o futuro com confiança redobrada”, pode ler-se no relatório.

Por outro lado, a entidade destaca que “em 2018 manteve um forte empenho na sensibilização das pequenas e médias empresas e particulares para a problemática da poupança. Em conjunto com o nosso parceiro Golden, foram identificadas 70 oportunidades de envolvimento da SGF no mercado potencial das PME que na prática, verá o seu desenvolvimento efetivo em 2019. Do mesmo modo, o desenvolvimento do projeto digital para as pequenas poupanças foi iniciado em 2018 mas só em 2019 terá a sua implementação”.

Já ao nível do que terá impacto futuro na SGF salienta-se a publicação em 28 de dezembro de 2018 da nova Norma da ASF relativa aos pagamentos dos benefícios dos fundos de pensões. “Na realidade, este novo enquadramento legal vai permitir que as sociedades gestoras possam manter uma grande parte dos ativos sob gestão dos fundos no momento da reforma dos seus participantes, pois em alternativa a uma compra de uma pensão vitalícia a seguradoras, existe uma outra opção de pagamentos desses benefícios, mas em melhores condições e acordada pessoalmente com a sociedade gestora”.

Abaixo a evolução do património de alguns dos fundos da entidade, bem como as rentabilidades. 

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Pouca disponibilidade financeira dos associados

Em 2018 a SGF destaca que continua a observar “pouca disponibilidade financeira” por parte dos associados dos fundos “no normal cumprimento dos planos de financiamento das responsabilidades inerentes aos respetivos fundos de pensões, facto que atribuímos à situação financeira vivida pelas empresas portuguesas, que se encontram pressionadas por necessidades de liquidez. Em 2018, graças à volatilidade apresentada pelos mercados e que culminou em elevadas perdas para os Fundos, verificou-se uma redução acentuada dos níveis de financiamento dos mesmos, tendo um deles terminado o ano com o cenário do mínimo de solvência subfinanciado”.

Resultados do ano

Os resultados mostram uma melhoria, tanto ao nível das vendas, que cresceram 59 mil euros para os 687,9 mil euros, como do resultado líquido, que embora negativo (-151 mil euros), representa uma evolução positiva face ao valor de 2017. 

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Segundo a entidade, para a melhoria dos resultados, contribuíram principalmente o resultado dos serviços prestados, nomeadamente o crescimento das comissões de gestão.

 As variações que contribuíram positivamente para a variação dos resultados foram:

- aumento das comissões de gestão

- diminuição dos fornecimentos e serviços externos

- diminuição dos gastos com o pessoas

- diminuição de outros gastos e perdas

As variações que contribuíram negativamente para a variação dos resultados foram:

- aumento das provisões (resultado da garantia a constituir para o Fundo de Pensões garantido)

- aumento do justo valor

- diminuição de outros rendimentos e ganhos

- aumento dos gastos de depreciação e amortização

Margem de Solvência

"A insuficiência de Margem de Solvência apurada com referência a 31 de Dezembro de 2018 resulta, essencialmente, do facto de o resultado líquido do exercício findo naquela data se apresentar negativo em cerca 151.484 euros. Pese embora se considere que esta se trate de uma insuficiência circunstancial e temporária, nos termos do artigo 47o do Decreto-Lei n.o 12/2006, de 20 de Janeiro, revisto pela Lei n.o 147/2015 de 9 de setembro, um aumento do capital social foi submetido à aprovação da ASF de modo a regularizar a situação", pode ler-se no relatório. "Nesta decorrência, em sede de assembleia geral realizada em 12 de Dezembro de 2018, os acionistas autorizaram o Conselho de Administração a proceder a um aumento de capital até €500.000, mediante a emissão de 100.000 novas ações com o valor nominal e de emissão de €5 cada. Nessa data, a sociedade Golden Actives procedeu à subscrição de 40.000 novas ações no valor de €200.000, o qual foi integralmente realizado em 18 de janeiro de 2019. Tal como demonstrado no quadro acima, considerando o referido aumento de capital para efeitos de cálculo da Margem de Solvência, constata-se um excedente de 133.336 euros, situando-se a taxa de cobertura em 116,67%".