“Notamos um crescente e genuíno interesse dos distribuidores nos nossos produtos”

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Cedida

O administrador da BPI Gestão de Activos adianta que nos focos para este ano a maior alteração será uma exposição acrescida a acções e activos diversificadores e que África se manterá como alvo preferencial de investimento. Considera que a aposta da indústria deveria passar pela formação dos distribuidores, porque são eles que chegam ao investidor final.

Quais as perspectivas para a indústria em 2013?

Apesar de todas as contrariedades regulamentares e fiscais que 2013 já trouxe e irá trazer à indústria de fundos doméstica, antecipamos um ano de crescimento em termos dos activos sob gestão, sobretudo para os ‘players’ domésticos com boas plataformas de distribuição. Notamos um crescente e genuíno interesse dos distribuidores dos nossos produtos pela diversificação e potencial que os nossos diversos produtos oferecem. Ao nível dos fundos domésticos, o dilúvio fiscal não conseguirá contrariar a maior eficiência destes produtos face a uma gestão individual não-profissional. Os fundos domésticos continuarão a oferecer custos muito competitivos face ao investimento individual em títulos ou ETFs, devido ao enorme efeito de escala que permitem. Quer nos fundos BPI domésticos quer nos do Luxemburgo, a BPI Gestão de Activos tem sido reconhecida pela sua disciplina e capacidade de acrescentar valor. No âmbito dos fundos de pensões antecipamos para 2013 um interesse crescente de muitas empresas, como forma de motivar e reter colaboradores. Para o segmento de seguros de capitalização, o novo entorno fiscal do Orçamento de Estado de 2013 tornou estes produtos mais interessantes e apelativos, pelo que também aqui pensamos conseguir acompanhar o crescimento que esperamos na indústria de seguros. Finalmente, 2012 foi um ano bom para os nossos clientes institucionais, que na sua maioria nos confiam a gestão discricionária das suas carteiras. Também aqui esperamos algum reforço dos activos sob gestão, quer por parte dos actuais clientes, quer de novos.

Quais os focos da gestora para este ano, nomeadamente políticas de investimentos, e objectivos, em termos de expansão e evolução do valor dos ativos sob gestão?

Os nossos focos não se vão alterar radicalmente: diversificação, acesso aos melhores mercados e produtos, disciplina na gestão, controlo de risco. Talvez a maior alteração, que faremos ao nível do posicionamento, é uma exposição acrescida a acções e activos diversificadores, em detrimento de aplicações de baixo risco. Nos últimos anos falámos bastante sobre África, considerando ser “uma oportunidade em ascensão”. O FMI estima que o continente tenha crescido 5.5% em 2012 e que venha a crescer 6.0% em 2013. O dinamismo de países como Moçambique, a Nigéria ou Angola, que deverão voltar a crescer acima de 7% em 2013, continua a suportar a nossa visão: África manter-se-á como um alvo preferencial do investimento, devido ao seu potencial de crescimento ainda por explorar. Mas, 2012 ficará para a história como o “fim-do-fim do Euro”, sobretudo devido à determinação e intervenção do presidente do BCE. A volatilidade associada ao possível risco de desintegração da moeda única no primeiro semestre deu lugar a uma subida generalizada dos preços dos activos de risco na segunda metade do ano, fazendo dos activos europeus, acções e obrigações, dos melhores investimentos do ano. Num cenário de taxas zero, o dividendo das acções ou a rentabilidade das obrigações de maior risco surgem como oportunidades interessantes. Muitas empresas europeias são hoje globais, com um forte peso do seu negócio fora da europa, beneficiando agora de financiamentos extremamente competitivos e de custos laborais controlados. Em 2013 julgamos que se perspectivam condições para a continuação desta tendência. Globalmente, a fuga precipitada aos activos europeus parece estar a inverter: muitos investidores começam a substituir a ênfase no ‘return-of-capital’ para procurar novamente o return-on-capital.

Indique uma ou duas ideias que contribuiriam para dinamizar o mercado de fundos em Portugal...

Em primeiro lugar, a aposta da indústria devia passar pela formação dos distribuidores, porque são eles que chegam ao investidor final. Seminários, workshops e apresentações sobre mercados ou temas nunca são demais, e deviam multiplicar-se em 2013 e anos vindouros. Acredito que aqui a oportunidade é maior para as sociedades gestoras domésticas, que têm equipas bem dimensionadas e um conhecimento mais profundo da base de Clientes, ao contrário das estrangeiras, que operam quase exclusivamente a partir de Madrid, Londres ou Paris, com equipas na sua maioria compostas por estrangeiros e de pequena dimensão, que cobrem vários mercados com pouco tempo disponível para Portugal.