Nem os investidores profissionais tomam decisões de forma individual

Pedro_Assis_Baluarte
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A necessidade de acumular poupanças e geri-las eficientemente é algo que tem sido amplamente debatido. Por um lado, poupar permite acrescentar mais uma dimensão à nossa tomada de decisões de consumo – a dimensão temporal. Passamos a poder escolher, não só entre produtos e serviços alternativos hoje, como também entre consumir hoje uma quantidade desses produtos ou serviços ou uma quantidade superior no futuro. Por outro, acrescenta um importante pilar à segurança financeira das famílias. Normalmente, dependemos da nossa capacidade de trocar o nosso tempo por rendimento corrente para satisfazermos as nossas necessidades de consumo. Caso, por alguma razão imprevista – doença, idade avançada – deixemos de o poder fazer, a poupança anteriormente acumulada acrescenta uma alternativa à redução de consumo que, de outra forma, seria inevitável.

A poupança para a reforma é um exemplo clássico. As alterações demográficas e o alto endividamento público de muitos países tornam impossível a manutenção do nível de consumo para além da data do último rendimento corrente de trabalho com base apenas em pensões públicas de reforma. A escolha é simples: ignorar esta realidade e condenarmo-nos a uma queda vertical de rendimento e consumo na data de reforma, ou prepararmo-nos para essa data poupando um pouco cada ano.

A questão da eficiência na gestão das poupanças revela a sua importância quando se observa que o sacrifício implícito na redução do consumo atual pode ser significativamente reduzido, para o mesmo valor de poupança final acumulada, se a poupança for eficientemente gerida. Em jargão de investimentos, isto significa assegurar que ela gera o máximo rendimento possível para o nível de risco financeiro que o investidor estiver disposto a suportar.

Se é um investidor particular, há vários intermediários financeiros através dos quais pode fazer a aplicação das suas poupanças. Para dar alguns exemplos, hoje é muito fácil adquirir instrumentos financeiros através de bancos e corretoras, com ou sem acesso online, gestores de patrimónios, gestores de fundos de investimento e consultores de investimento como a Baluarte.

Podemos agrupar estes intermediários em três grandes categorias: a dos que lhe irão propor fazer os seus investimentos por si, como os gestores de fundos de investimento, os gestores de patrimónios ou a maior parte dos gestores Private; a dos que lhe proporão acompanhá-lo e fazer os seus investimentos consigo, como os consultores de investimento; por último, a dos que lhe proporão que use as ferramentas de seleção e transação que lhe disponibilizam, como as plataformas de negociação online, por exemplo, mas que não o aconselharão, tendo o investidor que tomar as suas decisões de investimento sozinho, sem qualquer acompanhamento.

Para além de diferenças relacionadas com custos, variedade de oferta e possíveis conflitos de interesse, as maiores diferenças entre estas três categorias de intermediários são a quantidade e qualidade de informação colocada à disposição do investidor e quem controla, e de que forma, a decisão de investimento: no primeiro caso é o gestor contratado, sem necessidade de consultar previamente o investidor para cada investimento a realizar, no último é o investidor, sem o apoio de ninguém.

Apenas no caso da consultoria para investimento coincide a possibilidade do investidor reter o controlo prévio e absoluto do que se faz com o seu dinheiro, com a segurança de poder tomar decisões com o conselho personalizado de um investidor profissional. Para além de o aconselhar quanto à melhor decisões de investimento a tomar em cada momento, o consultor prepara toda a  informação necessária para a tomada de decisão, explica-a com o nível de detalhe que for necessário, submete-a à aprovação prévia do investidor e depois, como é o caso da Baluarte, assume a responsabilidade por todo o processo administrativo de definição das ordens de transação que decorrem da decisão de investimento tomada, a sua transmissão ao banco ou corretora escolhido pelo cliente e a confirmação final da sua boa execução.

A concessão de mandatos de gestão discricionária a alguém que faça os investimentos por si deu alguns dissabores aos investidores nos últimos anos, por terem descoberto, pós facto, que não conheciam os investimentos feitos com o seu dinheiro e que, uma vez conhecidos, não estavam de acordo com todos. Em particular, a auto-colocação de produtos do próprio grupo teve grande destaque nas crises mais recentes. Nos melhores panos caiu esta nódoa.

Por último, os desafios que enfrentam as pessoas que pretendem gerir por sua conta própria os seus investimentos, são essencialmente três:

  • Falta de tempo para recolher a informação necessária;
  • Falta de recursos técnicos (sistemas de gestão de informação) e humanos (conhecimento);
  • Excessivo envolvimento emocional.

Os dois primeiros são evidentes.

Gerir investimentos é uma atividade a tempo inteiro. Os investidores profissionais queixam-se frequentemente que as 24 horas de um dia não são suficientes. Por outro lado, requer um profundo conhecimento técnico das características dos vários títulos, dos mercados em que são transaccionados, dos seus emitentes, das economias em que operam, dos modelos de intervenção das autoridades fiscais e monetárias, de estatística, de matemática, de diversos sistemas de tratamento de informação, bem como um entendimento razoável de psicologia de massas e individual.

O último não é tão evidente, mas consideremos o seguinte cenário: imagine que passou os últimos meses a analisar um investimento, com o conhecimento técnico necessário, e chegou à conclusão de que vai investir. Acha que a sua decisão foi tomada “racionalmente” ou “emocionalmente”? Se respondeu “emocionalmente”, conhece-se melhor que a maioria das pessoas. Todos tomamos decisões com base nas emoções que elas despertam. Além disso, somos processadores de informação muito imperfeitos. É uma das razões pelas quais nem mesmo os investidores profissionais tomam decisões de forma individual. Conhecedores destas limitações, desenham processos de tomada de decisão que envolvem vários elementos e promovem uma discussão crítica.

Porque somos todos imperfeitos e podemos beneficiar muito da opinião dos outros, investir com um especialista que nos acompanhe e partilhe o seu raciocínio connosco, que faça todo o trabalho por nós, mas não nos retire a última palavra quanto ao que fazer com os nossos investimentos, parece ser a melhor forma de evitar os enviesamentos de análise mais conhecidos, melhorar as nossas decisões, e com isso retirar o máximo partido do nosso património.