Natixis Global AM completa a primeira transação de um fundo através do blockchain

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Btckeychain, Flickr, Creative Commons

A NAM, filial da Natixis Global AM, acaba de marcar um marco na história mais atual da distribuição de fundos, ao ser capaz de adquirir participações de fundos comercializados por si mesma, mas mediante o uso de blockchain, concretamente através da plataforma de distribuição Funds DLT. A empresa planeia incorporar o uso desta tecnologia nas suas diferentes linhas de negócio, para assim melhorar os mecanismos de distribuição da indústria de gestão de ativos.

Um breve resumo do que consiste a tecnologia blockchain, ou cadeia de blocos: trata-se de uma base de dados descentralizada, que armazena informação encriptada, e que permite replicar dados em tempo real, armazenados nessa cadeia de blocos. Graças a esta tecnologia foi possível a difusão da moeda virtual Bitcoin, embora, como demonstrou a NAM, as suas aplicações na indústria de fundos estejam apenas no início do seu desenvolvimento.

Funds DLT é uma plataforma que resulta da colaboração entre a Fundsquare (a base de dados da Bolsa de Luxemburgo), a InTech (subsidiária do POST Group) e a KPMG Luxemburgo. A plataforma está ainda em desenvolvimento, e a ideia é permitir aos gestores de ativos a venda dos seus fundos, através de um novo canal de distribuição. Graças ao uso do blockchain, é possível a automatização, de maneira segura, de uma série de transações, com uma redução significativa dos custos de administração e uma grande poupança de tempo na execução das transações, tanto para as gestoras como para outros provedores de ativos. Especialistas da Natixis Global AM indicaram que este modelo “é aplicável a uma ampla gama de fundos e não depende de nenhuma jurisdição”.

Além disso, a gestora acredita que a execução bem-sucedida da venda de participações de fundos da NAM “representa que, pela primeira vez na indústria de fundos, os investidores estão a usar uma plataforma baseada em blockchain para adquirir participações reais de fundos com dinheiro real”.

Como foi o processo?

Graças ao desenvolvimento da plataforma, pretende-se que, no futuro, os investidores que queiram simplesmente adquirir participações de algum fundo, efetuem apenas a ordem através da aplicação da Funds DLT no telemóvel. Através da API (a interface de desenvolvimento da aplicação), a ordem é transmitida à plataforma e a informação é transmitida imediata e simultaneamente, mediante o uso do blockchain, à NAM (neste caso) e as outras partes implicadas na transação, tendo cada uma delas o seu próprio nódulo dentro da FundsDLT. O agente da transferência – neste caso o depositário francês CACEIS, é o primeiro a atuar, ao confirmar a transição e a sinaliza-la como “aprovada” ou “falhada”.

A aprovação inicia os processos de compensação e liquidação, que se produzem na plataforma FundsDLT. Os processos de pagamento e o uso de dinheiro são feitos através do S-Money, o sistema desenvolvido pelo grupo bancário BCPE, em 2014. Desta forma, os investidores recarregam a sua conta S-Money com fundos suficientes para cobrir a transação, antes de completarem a ordem.

Segundo Matthieu Duncan, CEO da NAM, “o potencial da tecnologia blockchain para melhorar os mecanismos de distribuição na indústria de gestão de ativos é muito significativo”. O profissional indicou ainda que a empresa está à procura de outras aplicações nos campos B2B e B2B2C. Said Fihri, parceiro associado da KPMG Luxemburgo, comentou: “Estamos perto de ter um produto industrial que poderia ser usado em diferentes configurações: distribuidores, SCIs, roboadvisors e D2C”.