"Não acredito no fim da moeda única"

Em entrevista à Funds People Portugal, ainda antes da reunião da semana passada do Banco Central Europeu (BCE), o administrador da Optimize Investment Partners referiu, numa analogia à 'época de incêndios' florestais, que começa a existir um certo consenso sobre as regras de intervenção do "bombeiro BCE".  Este, explica, "irá continuar a mandar os baldes de água necessários para evitar que os fogos que existem, nomeadamente em Espanha e Itália, venham a pôr em causa a existência do euro, [mas] sem encharcar totalmente a zona".

E não coloca o desaparecimento do euro como um cenário provável. "Não acredito no fim da moeda única por uma razão muito simples", afirma Diogo Teixeira, porque "o preço a pagar de uma saída é suficientemente elevado, tanto para os estados enfraquecidos como para os grandes credores da zona euro". E dá como exemplos a Alemanha, cuja indústria "voltaria 10 anos atrás em termos de competitividade num contexto de restabelecimento do marco alemão", e um país como Portugal, que voltaria a mesma década "atrás em termos de poder de compra".

Europa numa "zona cinzenta"

Analisando a situação económica actual da Europa refere que deverá "manter-se numa zona cinzenta, com um crescimento anémico ou mesmo uma recessão ligeira em alguns países".

Quanto à Grécia refere que se trata de "um caso problemático, porque deixou de ser analisado em termos 'económicos' para passar a ser tratado sobre um ângulo 'político'"; e sublinha que o preço a pagar para resolver a situação do país "será pago de uma forma ou de outra pelos credores", restando apenas saber "qual será a escolha política, tanto do lado dos credores como do devedor".

Questionado sobre a descida dos juros da dívida portuguesa, a que assistiu recentemente, o administrador da Optimize diz que é uma evolução "muito positiva, porque significa o regresso de uma certa racionalidade aos mercados". Além disso, "permite também ver com mais optimismo um regresso do Estado português aos mercados de dívida de médio e longo prazo no final do próximo ano, que sempre considerei como perfeitamente possível".