Morrem mais fundos do que aqueles que nascem: porque é que isso é bom para o investidor

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Após duas décadas de crescimento, a indústria dos fundos de investimento chega a um ponto de inflexão. Nos últimos três anos, a oferta de produtos minguou. Isto é, nasceram menos fundos dos que aqueles que fecharam. Segundo cálculos da Morningstar, há atualmente cerca de 2,5% menos veículos do que no final de 2015.

Criaram-se 954 novos fundos desde então, mas também se uniram ou foram liquidados 1.161 fundos nessa altura. E já lá vão três anos nos quais a oferta líquida é negativa. Mas até o ritmo de lançamentos foi diminuindo de forma quase contínua desde 2010.

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O que não significa que é preciso estar de luto. Aliás, para a Morningstar, é uma boa notícia. “Há demasiados fundos”, declara Jeffrey Ptak. Das 7.938 estratégias (sem contar com as diferentes classes dos fundos) quase 2.800 têm 100 milhões ou menos em ativos sob gestão; 1.900, 50 milhões ou menos; e 655, 10 milhões ou menos. Ou seja, os 160 maiores fundos gerem 50% dos ativos da indústria. E os 919 maiores, 80%. Se se encerrar a metade mais pequena dos fundos, apenas perder-se-á cerca de 1,8% dos ativos.

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Não são só fundos que apenas captaram o interesse do investidor, como também tendem a ser mais caros. 70% dos fundos mais pequenos encontram-se entre os veículos com comissões maiores. E tendo em conta o aumento da importância do custo para os investidores nos últimos anos, talvez isto explique o seu tamanho reduzido.

Porque beneficia o investidor final? Da mesma forma como os fundos se desenvolvem. As gestoras comparam tradicionalmente os seus produtos ao preço de um peer group selecionado pelas mesmas. O problema é que às vezes para a comparação servem-se de fundos mais caros que melhorem a situação e justifiquem uma comissão nessa linha de pensamento. E isto tem um efeito bola de neve, uma vez que esse novo fundo é utilizado, por sua vez, para outro peer group. Se a oferta de fundos caros diminui, esta prática complica-se.

Quem serão os mais afetados? Mais uma vez, o tamanho da casa importa. Embora os gigantes da gestão também pequem em produtos caros, os fundos pequenos e caros também vêm, na sua maioria, de empresas mais pequenas. “Muitas destas gestoras terão provavelmente de reduzir os gastos, unir forças com rivais ou encerrar diretamente o seu negócio”, prevê Ptak.