Miguel Luzárraga: assim está a ser o segundo desembarque da AllianceBernstein na Península Ibérica

Miguel Luzarraga Alliance Bernstein
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Após dez anos a fazer a cobertura da região desde Londres a Miami, a AllianceBernstein está de regresso ao mercado português. A empresa americana pôs em destaque a região para desenvolver a sua estratégia internacional. À frente do projeto está Miguel Luzárraga, responsável de vendas para Portugal e Espanha, que inicia o que define como um folha em branco após 12 anos na J. P. Morgan AM como responsável de Portugal. Largar a mão daquela que foi a sua casa de mais de uma década é duro, reconhece, mas começa com a ânsia de um desafio de construir bons pilares para a entidade em Portugal.

Quem é a AllianceBernstein? Fruto da união da Alliance Capital e a empresa de análise Sanford C. Bernstein, a gestora nova-iorquina geria 575.000 milhões de dólares no fim de fevereiro de 2019 de um património, diversificado em todas as classes de ativos, mas com uma ligeira curva em direção às obrigações. De facto, a sua maior gama de fundos centra-se na gestão de high yield com um produto global, outro americano, um europeu e outro global de curta duração.

O empurrão tecnológico

“Somos uma casa muito humilde, mas muito eficaz”, define Luzárraga. É uma frase que resume muito bem a filosofia de uma casa que coloca a otimização dos custos no centro de tudo. E, por isso, a sua grande aposta é a tecnologia para prestar um serviço melhor em toda a  cadeia de produção da indústria.

A disrupção vai desde a maneira como enviam os e-mails ao clientes até, por exemplo, a maneira como os seus gestores de obrigações têm de executar as ordens. Estes gestores de obrigações servem-se de um assistente chamado ABBIE, uma espécie de Siri (Apple) ou Alexa (Google) própria, que seleciona e implementa emissões de dívida com base numa série de requisitos que pede ao trader. Um processo que normalmente leva horas e que se reduz para minutos.

Os produtos que propõem ao mercado

Nas palavras de Miguel Luzárraga, em Portugal “vamos dar que falar”, muito embora a empresa norte-americana nunca se tenha desligado totalmente do mercado nacional. De facto, reconhece que arrancou de novo a abordagem ao mercado com um negócio na Península Ibérica na ordem dos 1.000 milhões de euros, número que cresceu para os 1.200 milhões de euros nos meses que passaram desde a sua nomeação. A sua maior prioridade nesta altura é trabalhar em conjunto com os clientes portugueses para encontrar as soluções que melhor se adaptem à sua oferta e, pouco a pouco, dar-lhes a confiança para eleger a entidade.

A empresa norte-americana chega com uma proposta ampla e dirigida a todos os segmentos de clientes. Por exemplo, com ideias de elevada convicção ou elevado alpha. “Quando gostamos de um mercado ou uma empresa é por alguma razão e isso reflete-se nas carteiras de ações”, conta Luzárraga. A grande maioria dos seus fundos neste segmento têm carteiras muito concentradas, que não superam as 100 posições. Os seus fundos Global Concentrated e US Concentrated, assim como o European Equity e Eurozone Equity são prova disso.

“Para replicar um índice não fazem falta todos os seus valores. Nós gerimos ativamente e temos equipas muito boas de analistas para selecionar o melhor do mercado”, explica. Por outro lado, e conscientes do apetite no mercado nacional por rendimento, destaca os seus fundos American Income e European Income, carteiras flexíveis e diversificadas orientadas para a geração de rendimentos, assim como o seu fundo de hipotecas americanas, Mortgage Income. Também procuram  dar resposta à procura atual por proteção face às quedas em todas as classes de ativos. Em ações sobressaem as rentabilidades do seu AB Low Volatility Equity, por captar 90% das subidas, mas apenas 70% das quedas.