Michael Hasenstab: Ver oportunidades, onde toda a gente vê problemas

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José_Eduardo, Flickr, Creative Commons

Investir em determinadas posições das quais a maioria dos investidores estão a “fugir”, é uma das principais caraterísticas da filosofia contrarian. Uma situação que exemplifica na perfeição esta máxima, prende-se com o confronto entre a Ucrânia e a Rússia, que assustou muitos investidores. Michael Hasentab, vice-presidente executivo da Franklin Templeton Fixed Income Group, tem precisamente uma postura “contra-corrente” relativamente a este assunto. Da entidade destacam que continuam a ter uma importante posição na Ucrânia, mas ainda assim abaixo dos 4%, tanto no fundo Templeton Global Bond, como no Templeton Global Total Return.

Ucrânia a sair reforçada

“Ao longo dos últimos dois anos, existiram vários períodos em que as yields ucranianas passaram os dois dígitos, e nós, de forma oportunística, vamos aproveitando esses pontos”, diz Michael Hasenstab, reiterando que “em termos agregados têm ganho dinheiro”. Apesar dos problemas, diz, a Ucrânia está a seguir uma reforma da sua economia, que sai reforçada com a ajuda internacional que pretende resolver o conflito. “Estamos tranquilos com a nossa posição e com as perspetivas económicas a longo prazo do país”, assegura o profissional da Franklin Templeton Investments

Correlação negativa treasuries

A abordagem global e sem constrangimentos do profissional foi a estratégia escolhida para fazer face ao rally do mercado de obrigações dos últimos 30 anos. Tal como outros gestores, também Hasenstab não beneficiou do rally das treasuries em 2014, mas ainda assim, da entidade estão convencidos que esta é uma fase de mínimos históricos e, por isso, optam por uma correlação negativa com os títulos americanos.

Muitos foram os investidores que se começaram a mover para as ações, e dentro das obrigações, os fluxos avançaram em direção às estratégias que procuram alpha. Michael Hasenstab confirma mesmo que “a rotação aconteceu das obrigações core, para os produtos de obrigações globais sem restrições que procuram maior alpha”.

Confiança na China

Um dos destinos no qual o gestor está mais confiante atualmente é a China. Hasenstab crê que o país poderá crescer até 7% durante os próximos anos, “com os crescentes salários a impulsionarem o consumo e a controlarem as “distorções” do mercado financeiro. Consequentemente, a vizinha Coreia beneficiará deste crescimento graças à exportação de carros, barcos, etc”.

Ainda assim, na perspetiva de Michael Hasenstab, a China terá de parar de subsidiar as taxas de juro, antes da entidade investir no mercado de obrigações chinês.  “Primeiro estamos à espera que a normalização das taxas de juro ocorra, e talvez depois possamos estar mais interessados”.  

Os fundos geridos por Michael Hasenstab (o Templeton Global Fund e o Templeton Global Total Return) contam atualmente com 190 mil milhões de dólares em ativos sob gestão. Para justificar o estilo contrarian do seus investimentos, o especialista argumenta que os produtos sob a sua alçada estão construídos com estratégias muito diferenciadas, com, por um lado, “muitos dos ativos a pertencerem  a mercados muito líquidos, como é o caso do yen japonês, Coreia, México, Polónia, Canadá, Austrália e Suécia e logo depois posições que se podem considerar “distresses” ou realmente contrarians”.