Mercados: quem ganha e quem perde com a vitória eleitoral de Joe Biden

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O triunfo de Joe Biden, candidato democrata à Casa Branca, pode ter importantes implicações em todos os mercados e setores. Paresh Upadhayaya, diretor Estratégias com Divisas e gestor de ações americanas na Amundi, Christine Todd, responsável de Obrigações Americanas na entidade, e Craig Sterling, responsável de Análise de Ações Americanas realizaram um relatório, ao qual a FundsPeople teve acesso. Neste documento analisam que setores se veriam impactados negativamente pela vitória do candidato democrata e também em quais o investidor pode encontrar refúgio. Entre os que se vão ver mais afetados estão os seguintes:

1. Finanças: “Este setor foi o que mais beneficiou dos cortes fiscais de Trump (é na sua maioria um setor doméstico) e da redução da regulamentação; portanto, é possível que com a vitória de Biden aconteça o contrário”.

2. Energia: “Com o candidato democrata na Casa Branca é provável que aumentem a regulamentação sobre o fracking e que se eliminem os principais incentivos fiscais”.

3. Empresas cíclicas com capex alavancado: “Além do impacto fiscal, esperamos indiretamente que as taxas de impostos mais elevadas limitem o investimento privado de capital, o crescimento económico e, portanto, o crescimento dos rendimentos dos ativos cíclicos, que incluem não só os bens de capital e transporte, mas também o hardware e o equipamento tecnológico”, explicam.

4. Consumo discricionário: “A maior parte das vendas a retalho são puramente domésticas, por isso, os impostos mais altos serão prejudiciais. Além disso, a agenda laboral democrata é agressiva, com salários mínimos mais altos e novas leis para organizar os lugares de trabalho. Os modelos de negócios das franquias também enfrentam grandes riscos sob as regulamentações laborais”.

5. Setor farmacêutico e biotecnologia. “É provável que se implemente o controlo dos preços sobre os medicamentos, algo que será mais agressivo com Biden do que seria com Trump. Por isso, é provável que a importância das soluções COVID-19 se desvaneça de qualquer forma”,

6. Tecnologia: “Esperamos um maior escrutínio regulatório e mais pressão para a fragmentação das principais empresas. Os baixos impostos abonados pelas principais empresas são um objetivo provável. As tensões ao redor da China e a cadeia de fornecimento podem continuar a ser altas, mas com menos dramatismo e menos novidades com a vitória de Biden”.

Onde se refugiar? Setores que se vão ver mais beneficiados

1. Utilities e REITS: “O aumento dos impostos é neutro em termos líquidos para os rendimentos/cash flows de ambos os setores, que deverão ter um rendimento superior”.

2. Produtos básicos de consumo: “A procura deverá ser relativamente segura. As grandes empresas geram rendimentos internacionais significativos”, indicam.

3. Software: “Ainda que um golpe nos seus baixos impostos prejudique o setor, a indústria é global, o que o vai compensar. É importante destacar que os provedores de softwarte como serviço (SaaS) não estão sob o mesmo microscópio regulador que as grandes empresas tecnológicas, e não têm os desafios da cadeia de fornecimento de hardware e equipamento tecnológico e semicondutores. Por último, a SaaS permite às empresas serem mais eficientes e reduzir os custos”.

4. Retailers: “Comerciantes retalhistas que já aumentaram os salários e têm níveis de rendimentos mais baixos, já que é provável que a redistribuição os beneficie. É provável que o alívio da dívida dos estudantes ajude a impulsionar o consumo”.

5. Telecomunicações: “O setor ver-se-á afetado pelo aumento dos impostos, mas as políticas deverão abrir caminho para construir banda larga para todos, permitindo que os operadores gerem um rendimento semelhante ao de uma utility”.

6. Equipamento biossanitário: “O aumento de financiamento para a investigação, do orçamento do Instituto Nacional da Saúde (NIH) e a preparação para futuras pandemias deverão impulsionar a procura”.

7. Defesa: “Biden poderá ser entendido como negativo, mas a força militar goza do apoio bipartidário e as tensões geopolíticas são elevadas. A defesa poderá ser vista como um ativo refúgio e continuar a crescer nos próximos anos devido ao atraso entre a autorização do orçamento e os desembolsos de dinheiro e qualquer eventual diminuição, que no complexo da defesa tendem a significar um crescimento mais lento”, concluem.