Mercado acionista norte-americano lidera preferências da indústria em 2017

Wall_Strett
F-l-e-x, Flickr, Creative Commons

Embora a eleição de Donald Trump para a Casa Branca tenha sido mais um dos eventos inesperados de 2016 – como foi, por exemplo, o caso do Brexit – o discurso do magnata norte-americano logo após conhecidos os resultados, acabou por ser, de certa forma, apaziguador para os mercados. Se antes de se conhecer o resultado das eleições, o S&P500 registou uma descida pronunciada, com a vitória de Trump o índice recuperou e subiu até novos valores máximos.

Evolução do S&P 500 em 2016S&P 500

Fonte: Yahoo Finance, 30 de dezembro 
 

Na verdade a eleição de Donald Trump, depois de (bem) digerida, acabou por ser enfrentada pela indústria financeira como sinónimo de oportunidade, principalmente nos mercados de ações e, obviamente, em determinados sectores e tipos de empresas. 

O rol de empresas favorecidas

Nas perspetivas que os profissionais da indústria nacional traçam para o ano de 2017 é referida – constantemente – essa oportunidade no mercado norte-americano. Da BlueCrow Capital, António Mello Campello, indicava precisamente à Funds People que “nos EUA a tomada de posse do Presidente Trump poderá ser seguida de alguma volatilidade nos mercados, o que poderá criar boas oportunidades de compra no mercado americano, em especial no sector tech e retalho”.

Do ActivoBank, Rui Olo, frisava também que “a presidência Trump deverá favorecer pequenas e médias empresas norte-americanas”, pois “a confirmar-se a veia antiglobalização demonstrada durante a campanha para as presidenciais, a menor concorrência deverá favorecer empresas americanas dependentes do mercado doméstico”. 

Na mesma perspetiva, da Dolat Capital, Carim Habib, fala também da preferência que demonstram por ações dos EUA, “especialmente small-caps”. Tirando partido desse potencial, o profissional da consultora nomeava à Funds People a opção de investimento protagonizada pelo iShares ETF Russel 2000.

Ainda mais específico é Francisco Falcão, da Hawckclaw. Também corrobora do positivismo em relação ao mercado acionista norte-americano, e fala do valor que observam na componente acionista dos “sectores de energia, infraestruturas e construção, aeroespacial e defesa”, assim como em “empresas que beneficiem do aumento potencial dos gastos de capital”. A este rol de vantagens para o tecido empresarial norte-americano, a IM Gestão de Ativos acrescenta ainda que as políticas da nova administração poderão ser favoráveis “a uma redução da fiscalidade das empresas”, saindo favorecidas principalmente as empresas com vendas domésticas.

A cautela vem de mão dada com a incógnita

No caso da Invest Gestão de Activos, o que outros assinalam como oportunidade para as ações, também requer cautela. “O potencial de valorização para os mercados acionistas depende da perspetiva de recuperação dos resultados das empresas e das políticas públicas mais expansionistas”, referem, apontando que embora seja a classe de ativos com maior potencial em 2017, “o panorama é bastante incerto tendo em conta os riscos políticos, a normalização da política monetária nos Estados Unidos e a ameaça do protecionismo económico”.

Apesar deste enfoque no mercado acionista norte-americano, outras entidades consultadas recentemente pela Funds People também nomearam o valor existente nas bolsas em geral. É o caso, por exemplo, de Bernardo Godinho, do Privado Atlântico Europa, que dá conta de expectativas positivas para o mercado acionista “seja nos EUA, seja na Europa”. Da Millennium WMU, por seu turno, enfatizam que “neste momento a melhor opção de investimento para o início de 2017 será nas ações da Zona Euro”, embora deixem uma salvaguarda: “muitas empresas, apesar de estarem a níveis de valorização muito atrativos, ainda têm de enfrentar grandes desafios e por esse motivo a escolha de investimento de um gestor não deverá ter apenas em consideração o seu nível de valorização como também deverá ter em conta o seu potencial de crescimento de médio longo prazo”. 

Recorde aqui como se têm comportado os fundos nacionais que investem no mercado norte-americano.