Menos empréstimos e mais liquidez: movimento nos fundos imobiliários em 2018

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Depois da recuperação de 2017, novo baque em 2018. Passando em revista o ano passado, a CMVM, no seu relatório sobre o mercado de valores mobiliários, mostra precisamente que “em 2018 voltou a registar-se uma nova diminuição dos valores geridos” no campo dos fundos imobiliários em Portugal". 

A explicação dada pelo regulador, no documento, prende-se com o encurtamento da amostra de produtos. “No final do ano existiam 215 fundos em atividade, menos doze do que em 2017. Apesar das subscrições líquidas em fundos abertos terem sido positivas (cerca de 282 milhões de euros) e do continuado aumento dos preços dos imóveis, nomeadamente residenciais, tal não permitiu compensar a perda de valor gerido resultante dos fundos que se liquidaram no ano”, reporta a CMVM.

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O caminho foi semelhante na Europa, enfatiza o regulador citando dados da EFAMA, referindo que se assistiu a um “ao aumento das subscrições líquidas dos fundos imobiliários (33,5 mil milhões de euros em 2018 e 28 mil milhões de euros em 2017)”.

Subidas de preços e rendas – impulso

O ano de 2018, em termos de rentabilidade para estes produtos, é retratado pela CMVM como positivo. “A maioria dos fundos imobiliários continuou a registar rentabilidades positivas em 2018, o que certamente encontra explicação na subida dos preços e das rendas no sector imobiliário residencial e comercial em Portugal, em particular nos grandes centros urbanos e turísticos, uma vez que os fundos imobiliários não investem (pelo menos diretamente) em imóveis localizados no estrangeiro”, pode ler-se.

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Sobre a alocação de ativos, e como visível no gráfico acima, na estrutura das carteiras “continuou, ainda que menos intensamente, a reduzir-se o valor dos empréstimos e verificou-se um novo aumento significativo da liquidez”.  

Também “em decorrência do ciclo favorável”, escrevem da entidade, verificou-se o “aumento das construções acabadas destinadas a arrendamento”. Um factor que fez com que “a taxa de ocupação dos imóveis dos fundos imobiliários atingisse um máximo de 83%”.

No que respeita à utilização dos imóveis, por seu lado, a CMVM fala de uma diminuição “do peso dos destinados à habitação, enquanto aqueles cuja utilização está afeta ao comércio, à indústria e ao turismo ganharam importância, em resultado da recuperação da economia portuguesa e em particular do crescimento da atividade turística”.

Número de participantes aumenta

No saldo relativo ao número de participantes nestes produtos, é declarado pela CMVM que “o número de participantes aumentou face ao ano anterior”, no caso mais 6 mil participantes. Consequentemente, o valor médio sob gestão diminuiu para 119 mil euros por participante (130 mil euros no  final de 2017).

Muito embora sejam as instituições de crédito e as ‘outras pessoas coletivas’, que detêm dois em cada três euros sob gestão, a importância das pessoas singulares aumentou nos anos mais recentes, conta o supervisor. Esse aumento aconteceu tanto ao nível do valor sob gestão, quer em número de participantes,  fixando-se o respetivo valor médio em 25,2 mil euros no final de 2018.

De realçar que o regulador aponta aquela que é uma grande diferença em termos de negócio face à gestão de fundos mobiliários: o baixo nível de concentração no sector. “As cinco principais sociedades gestoras representam 52,8% do valor sob gestão de fundos imobiliários, uma diminuição de 1,3 p.p face ao ano anterior”, concluem.