Mapa das crises políticas internas que ameaçam a Zona Euro em 2015

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morberg, Flickr, Creative Commons

Com vários processos eleitorais a caminho, o ano de 2015 vai ser crucial para a Europa. Passaram sete anos desde o início da crise financeira global e cinco desde o início da crise grega... mas será que as condições na Europa melhoraram? Parece que o modesto aumento económico perdeu o ímpeto. “Embora os dados  atuais sugiram que o crescimento é, em geral,  ligeiramente positivo na Zona Euro, ainda não é o suficiente para devolver o trabalho às pessoas, ou para dissipar os medos e relação à inflação. Os ciclos de eleições tornam-se mais perigosos quanto mais insuficiente é o crescimento e pior a qualidade de vida das pessoas”, assegura Laura Sarlo, analista de dívida soberana da Loomis, Sayles & Company (Natixis Global AM).

A especialista considera que se olharmos para 2015, verifica-se que se estão a subestimar os riscos económicos. “Uma maior deterioração na Rússia ou a deceção sobre o crescimento global podem conduzir a Zona Euro a uma nova recessão. Aproxima-se uma corrida entre a recuperação económica frágil e as políticas potencialmente perigosas na região, o que promete ser um duelo muito renhido”. Tudo isto, apesar de estarem sobre a mesa todos os ingredientes que fazem falta para que se assista a uma melhoria cíclica. Entre eles cita um euro consideravelmente debilitado, que aumentará o comércio líquido e o crescimento, se receber o apoio da procura global, e se existir uma menor consolidação fiscal na Europa que apoiará o crescimento e as entidades bancárias mais capazes e dispostas a aumentar o crédito.

Sarlo considera que também poderia ser benéfico uma redução no risco geopolítico, o que ajudaria a fomentar o comércio e a confiança do consumidor. Mas... o que se pode dizer das perspetivas políticas na própria Zona Euro? Poderá a própria política europeia interpor-se no caminho da recuperação económica do Velho Continente? A especialista analisa país por país:

Portugal

As eleições em 2015 podem produzir um resultado de ingovernabilidade semelhante ao do Parlamento sem maioria absoluta vivido em Itália em 2013. “Isto iria colocar em perigo a posição de Portugal como “bom aluno” da Troika (Comissão Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Central Europeu) e levaria os investidores a solicitar um maior prémio de risco de crédito para empréstimos no país”.

Espanha

Nas próximas eleições de 2015, o PP de Rajoy vai estar a lutar lado a lado contra o PSOE de Pedro Sánchez. Mas o verdadeiro líder é o Podemos, o partido de Pablo Iglesias. “Durante os últimos anos, já alguns se tinham perguntado porque é que em Espanha não havia um partido de protesto. Agora já existe e lidera as sondagens em termos de intenção de votos. Rajoy rapidamente começou a dar regalias fiscais no orçamento de 2015, o que inclui reduções no imposto sobre sociedades e no IRPF. Mas os eleitores, depois da onda de escândalos e detenções motivadas pela descoberta de casos de corrupção nos dois grandes partidos e a todos os níveis de poder, cada vez se sentem mais atraídos pelo Podemos”.

França

“Hollande, já é por esta altura desesperadamente impopular, sofre crescentes críticas desde que revelou publicamente a sua ruptura com o primeiro ministro Valls. Com a economia francesa estagnada e depois da Comissão Europeia criticar os planos da França de atrasar ainda mais a consolidação orçamental, é pouco provável que haja um progresso ou uma reforma significativa da política. A Frente Nacional, partido de extrema direita dirigido por Marine LePen, aparece à frente nas sondagens para as eleições presidenciais de 2017”.

Itália

Inicialmente, o primeiro ministro, Matteo Renzi, pensou que estava a dirigir o país em direção à recuperação, mas agora encontra-se numa recessão que parece não ter fim. “Aumentam as greves nacionais e os protestos públicos, e o extrovertido ativista Beppe Grillo ganha impulso com a sua petição de voltar à lira”.

Alemanha

De acordo com a especialista, o recente êxito do partido anti-euro Alternativa para a Alemanha (AfD) em três eleições regionais irá limitar a capacidade de manobra futura de Merkel e a generosidade demonstrada em relação aos países devedores.