Manual explicativo sobre três ferramentas para medir a volatilidade: o VIX, o MOVE e o VVIX

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Dean Bottrell, Flickr, Creative Commons

A crise grega gerou um notável aumento de volatilidade nos mercados, tanto nos de obrigações como nos de ações. No entanto, medi-la nem sempre é uma tarefa simples, já que o investidor por não tem a clara noção sobre como estão construídos e como interpretar os indicadores que tem à sua disposição. Segundo explica a Pioneer Investments no seu estudo “a volatilidade da volatilidade: o ferrão na cauda”, existem três índices chave para quantificar a volatilidade que existe no mercado. O primeiro é o índice MOVE. Foi elaborado pela Merril Lynch para medir a volatilidade implícita dos mercados do Tesouro norte-americano. Trata-se de uma média ponderada da curva de rendimentos da volatilidade implícita normalizada das opções a 30 dias, e reflete uma estimativa de mercado da volatilidade futura da yield das obrigações do Tesouro.

O índice MOVE constitui o equivalente ao popular VIX, mas para o mercado de obrigações. Este índice tende a operar entre 80 e 120 pontos. Um nível inferior a 80 representa uma complacência extrema do mercado, e superior a 120 representa um medo extremo. O índice MOVE subiu desde o quarto trimestre de 2014 (ver gráfico 1). No último ano, as yields oferecidas pelas obrigações do tesouro americano reduziram-se e as curvas achataram-se à medida que tem vindo a aumentar a preocupação dos investidores relativamente ao crescimento e à deflação. Caso os dados económicos surpreendam em alta, ou a Reserva Federal mude de tom, as yields podem disparar, e a volatilidade regressar a níveis mais normais. 

O VIX, pelo contrário, é uma medida da expectativa de volatilidade do mercado a 30 dias. Constrói-se empregando as volatilidades implícitas de uma grande variedade de opções do índice S&P 500. Trata-se de um medida de volatilidade para o futuro e calcula-se a partir das opções tanto de compra como de venda. O VIX é uma medida muito utilizada do risco de mercado e denomina-se com frequência de ‘indicador do medo do investidor’. Os valores do VIX superiores a 30, geralmente, associam-se a uma maior quantidade de volatilidade devido à incerteza ou ao medo dos investidores, enquanto que os níveis abaixo dos 20 correspondem geralmente a períodos de comportamento de mercado menos tensos e inclusive complacentes.

O terceiro índice importante é o VVIX. Lançado em 2007, define-se como o índice de volatilidade do VIX. O VVIX representa uma 'volatilidade da volatilidade', no sentido em que mede a volatilidade prevista do preço a 30 dias do VIX. Este preço no futuro constitui o preço de um contrato de futuros do VIX hipotético que vence a 30 dias. O VVIX oferece aos investidores um modo de medir o prémio de risco nos preços das opções do índice VIX, tal como o índice VIX CBOE reflete o prémio de risco dos preços das opções do índice S&P 500. O intervalo do VVIX tem-se mantido geralmente entre os 60 e os 140, com uma média próxima dos 85. Excepto no caso de valores mais elevados no VIX, existe uma escassa correlação entre as valorizações do VIX e do VVIX. O intervalo do VIX, por seu lado, manteve-se, em geral, entre os 10 e os 80, com uma média próxima de 22.

Tanto o VVIX como o VIX registaram máximos locais em outubro de 2008, durante a crise financeira mundial que estalou nesse ano e o ‘flash  crash’ de maio de 2010. No entanto, em geral, a relação entre as suas variações é mais débil do que a relação entre o VIX e o S&P 500. Desde o ‘flash crash’ de maio de 2010, o VVIX caiu abaixo de 80 em poucas ocasiões, o que sugere que depois do ‘flash crash’ se iniciou um novo regime de volatilidade. Os participantes dos mercados parecem mostrar uma maior preocupação sobre o valor futuro do VIX.

A subida do VVIX indica-nos que o índice VIX experimenta uma volatilidade cada vez maior. O S&P 500 deveria mostrar uma volatilidade maior do que a prevista  como consequência disto. Num contexto de menor liquidez e de operações atestadas, a volatilidade da volatilidade parece indicar o aumento da probabilidade de que aconteçam sucessos extremos, o que pode ter importantes implicações para a diminuição do capital, fazendo eventualmente com que com que os investidores repensem os níveis de risco que detêm nas suas carteiras”, afirmam da Pioneer Investments.

Como consequência disso, na gestora acreditam que será cada vez mais importante que os investidores não só planeiem o risco intrínseco para os cenários de partida, capturados pela volatilidade em carteira, como também contemplem o risco dos cenários alternativos que acontecem, e que têm o potencial de provocar sucessos mais estreitamente ligados à referida volatilidade da volatilidade.

Volatilidade implícita em mínimos plurianuais para ações e obrigações. Fonte: Bloomberg