Maio: mês de atacar, defender e ainda de voltar às commodities

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Joe Lanman, Flickr, Creative Commons

O mês que dá vida à máxima financeira do ‘sell in may and go away’ trouxe para cena, nos mercados financeiros, “um mês de grande volatilidade”, que, como relembra João Graça, do ActivoBank, foi justificada pelo tema Brexit, “passando pelos rumores de subida de juros por parte da FED já em junho, continuando por dados macroeconómicos díspares e terminando novamente em rumores, desta vez ligados ao sector financeiro”.

Nos fundos estrangeiros mais subscritos nas plataformas nacionais, que distribuem este tipo de produto, as tendências são difíceis de assinalar, já que na lista de mais subscritos de cada entidade a “história” subjacente é distinta.

No caso do ActivoBank, João Graça assinala que em maio “o posicionamento dos investidores se alterou um pouco tornando-se, talvez, mais agressivo na procura de oportunidade”. Reflexo disso, diz, é o facto de na lista de mais subscritos (ver em baixo) não existir nenhum fundo exclusivamente de obrigações. O profissional destaca “a aposta em fundos dinâmicos que procuram valorização nas oportunidades de mercado, através de análises “bottom-up””, mas também “a presença de fundos ligados a mercados emergentes como o asiático e o leste europeu e a preferência por small caps apostando, talvez, na lógica de M&A”.

O ‘ABC’ da Nordea volta à liderança

No caso do Banco Best e do BiG, tal como já tinha acontecido algumas vezes em 2015, o líder de inflows é um nome bem conhecido do mercado e com o triplo selo Funds People (Fundos preferidos dos Analistas, BlockBuster e Consistentes). Falamos do Nordea-1 Stable Return Fund E EUR, gerido pela Nordea Asset Management. No caso do BiG, Isabel Soares, gestora de produto, realça que “mais uma vez, a lógica e natureza do processo de investimento volta a fazer deste um dos produtos mais procurados pelos investidores (a preocupação da equipa de gestão do fundo com o controlo dos níveis de volatilidade da carteira tem contribuído para que o fundo seja uma das soluções de referência dos investidores em momentos de maior incerteza e volatilidade e fundamental para o rebalanceamento do risco das suas carteiras)”.

No caso do Banco Best, Rui Castro Pacheco, head of asset management, indica que ao nível do risco intermédio aparece precisamente o fundo da Nordea, mas também o MFS Global Total Return. Explica que “estes dois fundos com estratégias um pouco distintas e eventualmente complementares, têm conseguido apresentar performances atrativas num contexto de mercado bastante difícil”. No restante top da entidade, e no campo das obrigações, contabilizam-se três fundo. Começando pelo fundo com selo ABC da Funds People, Jupiter Dynamic Bond, lembra que este é um fundo “bastante flexível”, e que “já tem tido presença no TOP ao longo do tempo”. Aponta ainda o produto da Neuberger Berman que “investe em obrigações de países ou empresas emergentes mas apenas com maturidade residual baixa (2 a 3 anos)”, e que “ao gerir uma carteira de obrigações de baixa maturidade de países emergentes, consegue aliar alguma estabilidade (via maturidade) a uma yield interessante (via emergentes) no atual contexto de mercados”. Fecha este rol o Consistente Funds People, T. Rowe Price European High Yield Bond A EUR.

Na área de maior risco, destaca-se na entidade “a retoma das commodities com 3 fundos a investirem em ações de empresas ligadas ao ouro e metais preciosos, geridos pela Franklin Templeton (na versão EUR e USD) e pela BlackRock”. Ainda em termos sectoriais é de destacar a presença da Biotecnologia com mais um fundo gerido pela Franklin Templeton. Nas ações, apenas um fundo regional, neste caso investindo na Europa, gerido pela MFS: o BlockBuster MFS® Meridian Funds - Global Total Return Fund Class A1 EUR Acc.

Cautela perante o contexto

A cautela demonstrada pelos clientes do BiG é evidente não só pela presença do já referido fundo da Nordea, mas também por outro tipo de produtos. Segundo Isabel Soares, “o mês de maio trouxe algumas alterações no que diz respeito às tendências observadas na subscrição de fundos de investimento. Ainda que a generalidade dos índices tenha encerrado o mês em terreno positivo, muitos investidores continuam a mostrar-se cautelosos na tomada de risco”. Destaca por exemplo “a procura por fundos multi-activos e com estratégias relativamente flexíveis que se diferenciem por estratégias de descorrelação entre as diferentes linhas de investimento (permitindo, desta forma, uma suavização nos movimentos face àquilo que é observado no mercado)”. É o caso dos fundos BlockBuster Invesco Global Targeted Returns e do BNY Mellon Global Real Return Fund.

À semelhança do observado no Best, também no BiG foi evidente a “procura por fundos de investimento de ações integradas no sector de commodities como energia ou ouro”. Isabel Soares explica que “tratando-se de posicionamentos que, tradicionalmente, apresentam níveis de risco e volatilidade superiores aos observados nos fundos de ações que não apresentam enfoque específico num sector, a elevada procura por produtos como o BlackRock World Energy, Schroder ISF Global Energy ou BlackRock World Gold (ambos os fundos da BlackRock têm selo Funds People de BlockBuster) parece assentar na forte convicção de alguns investidores relativamente à evolução do preço de algumas commodities (que poderá impactar, de forma positiva, na valorização das empresas integradas nos respectivos sectores)”.

Realce-se ainda – como se pode observar na tabela abaixo – que o BiG apresentava no quinto mês do ano uma lista de fundos mais subscritos que é dominada por fundos com o selo Funds People de Blockbuster, ou seja, fundos que são  ‘super-vendas’ do mercado, com mais de 100 milhões de euros distribuídos no mercado ibérico.

Fundos estrangeiros mais subscritos nas plataformas

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Fonte: Informação cedida pelas entidades