‘Lutadora de Summum…’

Estava longe de imaginar que este curto contacto com a nova Volvo V60 'Plug-In' Hybrid me ia deixar tão bem impressionado e com vontade de desfrutar de um contacto mais aprofundado.

Já estraguei a surpresa? 

De todos os eléctricos e/ou híbridos que pude experimentar até hoje, esta foi, sem qualquer sombra de dúvida, a primeira vez que senti um vigor significativo num arranque em modo 100% eléctrico! 

E digo-vos mais, limitei-me a 'acariciar' o pedal da direita, o suficiente para fazer com que os 70cv do motor eléctrico ligado ao eixo traseiro, impulsionassem os 1955kg (mais 256kg do que a V60 D5 AWD) desta V60 para uns 'desinibidos' 70/80km/h, sem qualquer espécie de esforço. 

Circulando no modo 'Pure' - um dos três modos disponíveis para além do default 'Hybrid' e do vigoroso 'Power' - e com uma utilização descontraída, somos brindados com uma autonomia em modo eléctrico que pode chegar aos 50km.

Se acha que não é uma distância por aí além, imagine que usa o seu carro em deslocações de 30 a 40km no seu dia-a-dia e que ao chegar a casa, pode ligar a sua Volvo a uma vulgar tomada de corrente... É caso para dizer: 'Adeus consumo de gasóleo'!

Por falar nisso, e justamente para os utilizadores que farão maior parte da sua utilização em modo 'zero emissions', a Volvo desenvolveu um curioso sistema de alerta/protecção do motor. Contrariando tudo o que achava possível na natureza, existe um fungo/bactéria que se desenvolve no gasóleo se este fôr mantido por longas temporadas dentro dos depósitos! Este organismo, leva à formação de uma espécie de lodo, o qual, se aspirado para dentro do motor, pode ter consequências desastrosas a nível de sistemas de injecção e não só. Assim, a V60 'Plug-in' Hybrid, está programada para alertar o condutor que o combustível que se encontra no depósito há mais de 5 meses, deve ser consumido. Caso a teimosia humana tente prevalecer, recusando-se a abdicar dos seus bons hábitos 'verdes', ao cabo do 6º mês com o mesmo gasóleo no depósito, a V60 recusa-se a usar o modo eléctrico, 'obrigando' o seu proprietário a consumir o combustível fóssil. Bem pensado não?

Objecto de um 'restyling' recente, a V60 prima por umas linhas bastante equilibradas e, felizmente, longe vão os tempos em que aos designers da Volvo só era permitido usar régua e esquadro para os seus esboços.

A robustez exterior transmite-se ao interior e somos brindados com um posto de condução envolvente e bastante rico, quer ao nível dos materiais, quer ao nível da qualidade de montagem, quer na abundância do equipamento disponível nesta versão 'Summum', que se prevê que venha a custar €62.000,00 em Portugal.

Pena no entanto que alguns dos comandos presentes na já habitual consola flutuante, sejam accionados por botões demasiado pequenos, havendo até alguns mais 'tímidos' que se escondem atrás da manete da caixa automática de 6 velocidades.

O painel de instrumentos diz adeus aos ponteiros e brinda-nos com um TFT de grafismo muito cativante e moderno.

O espaço a bordo é generoso para 5 pessoas, se bem que a perda de mais de 100 litros de mala, qd comparada com a 'normal' V60 D5 AWD, possa colocar alguns entraves na hora de escolher a bagagem que se leva para as férias. Outro campo onde esta nova D6 teve que fazer algumas concessões, em virtude da colocação de mais de 150kg de baterias por baixo dos bancos traseiros, foi na capacidade do depósito, que viu o seu tamanho encolher de 67,5ltrs para uns 'utilitários' 45ltrs. Ainda assim, e devido ao alcance extra proporcionado pelo motor eléctrico, a autonomia em modo 'Hybrid' chega aos 900km (1050km na D5 AWD).

A Volvo V60 Plug-in Hybrid apresenta-se-nos numa confirmação D6 AWD, com uma potência combinada de 285cv (215cv do D5 + 70cv do motor eléctrico), distribuída pelas quatro rodas, graças à disposição do motor de combustão ligado ao eixo dianteiro e, como já havia referido, pela ligação do motor eléctrico ao eixo posterior. O binário disponível, faz corar de vergonha alguns super-desportivos modernos, atingindo 640Nm, combinando os 440Nm do diesel com os 200Nm do motor eléctrico, estando este último disponível de forma instantânea!

Fui convidado a imobilizar o carro, a pressionar o modo 'Power' e ..... A carregar no acelerador a fundo! 

A sensação imediata é: 'Mas este carro não pode pesar quase duas toneladas!'.

Nos instantes que se seguiram, enquanto via o indicador de velocidade a apontar na direcção da próxima esquadra de polícia, fiquei convicto de que os 6,1s de aceleração dos 0-100 anunciados pela marca, são um valor conservador.... Bravo Volvo!

Quando esmagamos o acelerador, e apesar de uma insonorizarão isenta de falhas, o 5 cilindros diesel marca presença no habitáculo de uma forma que está longe de ser desagradável e para um petrolhead como eu que tem inclusivamente um 'fraquinho' por este tipo de arquitectura de motor, até foi com um sorriso rasgado que conduzi os quilómetros seguintes.

Mesmo com um preço que possa parecer dissuasor à partida, a Volvo brindou-me com o melhor carro da sua 'espécie' que já guiei até à data. 

As facções ecologistas vão fazer-nos uns quantos 'Likes' nas redes sociais, graças aos 48g/km de CO2 anunciados pela marca, permitindo-nos simultaneamente descontrair cada vez que temos que encarar o pagamento do próximo IUC.