Juros baixos exigem do investidor mais planejamento e diversificação

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O novo cenário, que alia à estabilidade econômica já conquistada há mais de uma década os menores níveis de taxa de juros reais registrados na história recente do país, exigirá dos brasileiros análise cada vez mais criteriosa das suas carteiras de investimento.

“A necessidade de os brasileiros refletirem sobre seus objetivos de vida e adotar estratégias financeiras adequadas para atingi-los torna-se mais importante do que nunca. A queda dos juros é muito saudável para nossa economia, e agora teremos que aprender a tomar nossas decisões em um ambiente de normalidade. Nesse ambiente, conseguir retornos maiores exigirá mais planejamento, mais diversificação e disposição de assumir mais riscos”, explica Alexsandra Braga, presidente do Comitê de Educação de Investidores da ANBIMA.

Alexsandra lembra que os investidores não devem procurar “o investimento perfeito”. “Não existe o investimento perfeito, que seja bom para qualquer pessoa. Existem opções de investimento adequadas para os objetivos e os perfis de cada um. Quando vamos viajar, primeiro escolhemos o destino, depois começamos a pensar no meio de transporte. Não faz sentido decidir viajar de avião sem antes definir aonde você quer chegar. É assim também no universo dos investimentos: primeiro precisamos refletir sobre quais nossos objetivos, para depois eleger as opções de aplicação que sejam adequadas”.

O mundo está mais real, mais claro, e o investidor precisa olhar o cenário com essa clareza”, constata o vice-presidente da ANBIMA, Carlos Massaru. Na opinião dele, fica cada vez mais evidente que o investidor precisa ser criterioso na hora de fazer o planejamento financeiro e investir de acordo com os seus objetivos, e não olhando para o produto. “O cliente tem o costume de querer saber qual o produto que está rendendo mais, e não é isso. Ele precisa entender por quanto tempo pode deixar o dinheiro aplicado e quais seus objetivos”, afirma. De acordo com Massaru, apenas tendo clareza sobre seus objetivos o investidor pode encontrar a combinação de produtos que o permitirá extrair do mercado financeiro a melhor solução de rentabilidade e liquidez para o seu caso em específico.

Os investidores de maneira geral ainda estão muito acomodados. Essa acomodação, que até hoje não custou caro, daqui para frente vai custar”, acredita o vice-presidente do Comitê de Educação de Investidores da ANBIMA, Aquiles Mosca, referindo-se a quem estava acostumado aos altos retornos que investimentos considerados mais seguros proporcionavam. Mosca acredita que parte desses investidores terá que assumir mais risco, na tentativa de potencializar seu retorno. “Porém há pessoas que não tem apetite para o alto risco de alguns produtos, elas precisam respeitar isso”, diz ele. Como risco representa efetivamente a possibilidade de perder dinheiro, quem não suporta passar por essa situação deve se manter em papeis considerados mais seguros, ainda que tenham que poupar mais ou se acostumar a retornos mais baixos do que no passado, mas ainda atraentes, orienta o vice-presidente.

Na opinião de Mosca, o investidor deve atuar como protagonista, tomando as rédeas dos seus investimentos. Para isso, a busca pelo conhecimento deve ser prioridade, seja por meio de livros de educação financeira, de cursos oferecidos pelas instituições, da imprensa e do site Como Investir que oferece conteúdo gratuito sobre investimentos.

O investidor deve dedicar parte do seu tempo em conhecer os produtos disponíveis no mercado financeiro. Na hora de investir é importante que ele sempre consulte um profissional certificado para orientá-lo quanto à escolha do produto, embora a responsabilidade final seja sempre do investidor”, conclui o executivo. Ele lembra que os investidores têm o direito de ser atendidos por profissionais certificados que atuam nos bancos e corretoras. Mais de 290 mil profissionais de todo o país já foram certificados.

Quem atende os clientes do Varejo precisa obter a certificação CPA-10, que atesta o conhecimento daquele profissional quanto aos produtos de investimento. Há também planejadores financeiros com a certificação internacional CFP que podem atuar como um consultor pessoal de finanças. Os planejadores costumam atender em escritórios próprios ou empresas de assessoria de investimentos e cobram por consulta ou por mês, para um acompanhamento contínuo.