JPMorgan AM considera que gerir obrigações, no presente, é um desafio

A JPMorgan AM gere 148 mil milhões de dólares em obrigações, em várias estratégias, como a dívida de mercados emergentes, de crédito, de 'high yield', taxas ou moedas. A equipa é composta por 130 profissionais, liderados por Robert Michele.

O gestor reconhece a dificuldade na gestão de obrigações no momento actual, tendo em conta que esse activo "foi para um nível onde ninguém pensava que pudesse ir", refere. Reconhece a grande actividade e dinamismo dos bancos centrais, que "estão usar tudo o que podem para o mercado, o que é impressionante e não vai parar, vão imprimir todo o dinheiro necessário, não importa quanto". Para Robert Michele "estamos num cenário onde os bancos centrais são os produtores do "ponche", são aqueles que estão a dopar o mercado " , diz.

Michele acredita que o objetivo final dos bancos centrais é a criação de um cenário de taxas de juro tão baixas que leve o risco do empréstimo, praticamente, a desaparecer, de forma a que o dinheiro tenha que circular. E também estão a procurar desvalorizar a moeda. "Coisas estranhas estão a acontecer no mercado", afirma o gestor da JP Morgan AM. Considera que os bancos centrais estão a mudar a sua forma de actuação, de serem reactivos para proactivos. Garante que, se antes estas instituições tinham a missão de combater a inflação, agora isso é secundário e concentram esforços na promoção do crescimento, criação de empregos. "E vão fazer isto custe o que custar. Este é um mercado diferente", acrescenta. Este "qualquer que seja o custo" inclui o programa de compra massiva de dívida anunciado pelo BCE.

Dívida dos países periféricos

A JPMorgan AM tem, na carteira, dívida espanhola, tencionando comprar mais, dado acreditar que Espanha não tem escolha a não ser recorrer ao programa de compra de dívida oferecido pelo BCE, o que envolve pedir previamente resgate à UE. Robert Michele considera "que as medidas tomadas pelo país (programa de austeridade e aumentos de impostos) estão em linha com os compromissos que a Europa pedirá para ajudar o país com a compra de dívida. "Estamos confiantes em estar em dívida espanhola porque a austeridade está presente e o programa de recompra de dívida pelo BCE será assinado". Mas se a dívida do governo espanhol é positiva, o mesmo não se passa no crédito. Lisa Coleman, director de qualidade de crédito da equipa de gestão de obrigações da JPMorgan AM, diz que não tem exposição a títulos italianos e espanhóis no Bond Fund JPMF Global Corporate por "temer a diminuição de rendimentos elevados".

Coleman acrescentou que "a diferença entre a dívida pública e privada é que no primeiro, os bancos centrais podem agir quase que directamente".

O Bond Fund JPMF Global Corporate já investiu 3% em dívida abaixo de alta qualidade (principalmente com rating A ou BBB) e Coleman não quer aumentar essa percentagem. O fundo, que Coleman gere desde que entrou na JPMorgan AM há dois anos, depois da passagem pela Schroders, possui activos de 1.936 milhões de dólares. Por sector, o maior peso é sobre instituições financeiras, não cíclicos de consumo, telecomunicações e 'utilities'.