J.P. Morgan AM: “Avizinham-se melhores tempos”

“Avizinham-se melhores tempos. Apesar das taxas de juro das 'bunds' alemãs não o reflectirem, a Zona Euro está a avançar. A Grécia vai receber o próximo pacote de fundos de resgate e o nível da sua dívida aligeirou-se graças à redução das taxas de juro e ao alargamento dos períodos de devolução. Está claro que serão necessárias mais medidas – muito provavelmente em linha com um perdão da dívida como o conseguido por outros países muito endividados -, mas isso pode esperar”, asseguram profissionais da J.P. Morgan Asset Management, num documento semanal sobre mercados. Na opinião da gestora, existem alguns dados para o optimismo.

A balança comercial da Alemanha juntamente com o resto da Zona Euro está a começar a ser deficitária, precisamente quando as de Itália e Espanha mostram 'superavit'  “Isto faz parte de um reajuste crucial que deve ter lugar dentro da união monetária. Um dos motivos pelo qual os bancos dos países centrais estavam tão expostos aos periféricos era o facto de estarem a financiar os 'deficits' comerciais desses países. Embora o financiamento transfronteiriço seja necessário para o funcionamento da Zona Euro, este tem que ser sustentável. Antes não o era. Agora que os custos laborais relativos caíram drasticamente, inclusivamente para níveis pré-euro no caso de Espanha e Grécia, as balanças comerciais melhoraram e os periféricos necessitarão de menos financiamento externo”.

“No âmbito dos mercados financeiros, Espanha emite sinas de alento. Os juros da dívida pública retrocederam para os níveis do passado mês de Março. Depois as contínuas revisões negativas das estimativas para os lucros das empresas, sobretudo para o sector financeiro, os analistas começam a prever melhores tempos. As estimativas de lucros para os próximos 12 meses subiram 3,7% em Novembro para o índice MSCI IMI Spain e 7,9% para o sector financeiro. Se o recém criado “banco mau” permite que os bancos retomem a concessão de crédito, o crescimento económico poderá, finalmente, recuperar”, assinalam.
Estados Unidos e a “psicologia do precipício”

Apesar dos EUA evitarem o precipício fiscal, como espera a J.P. Morgan AM, na gestora consideram que a economia será prejudicada em qualquer caso devido à incerteza relativamente ao resultado, que induzirá as empresas a não contratar e aumentará a resistência a gastar por parte dos consumidores. “Embora a ideia pareça intuitivamente evidente, é difícil discernir qual será realmente o impacto em comparação com outros factores, como a taxa de desemprego”, afirmam.

A gestora refere que alguns comportamentos alteraram-se. “As empresas estão a acelerar a distribuição de dividendos para evitar que subida impositiva dos juros no próximo ano. A incerteza, portanto, tem mais a ver com a composição exacta dos cortes de gastos e das subidas de impostos que com a sua probabilidade. As empresas e os consumidores já o descontaram nos seus planos e, por conseguinte, o investimento não se verá materialmente afectada simplesmente porque as negociações ainda estão em curso”, afirmam.