Investimento sustentável em tempos de crise: as novas tendências

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(TRIBUNA de Ana Claver Gaviña, CFA, responsável de negócio na Península Ibérica e Chile da Robeco. Comentário patrocinado pela Robeco.)

Chegou o momento de trabalharmos com maior afinco. A surpresa do desafio deste inimigo invisível, contra o qual lutámos há vários meses, ficou para trás e, ainda que existam os chamados surtos com alguma intensidade, temos de aprender a viver nesta nova realidade e a preparamo-nos para o futuro, lutando com maior força, se necessário. É isso que devemos exigir de nós próprios.

Com foco no campo da sustentabilidade, tema no qual a Robeco e a RobecoSAM são empresas pioneiras e líderes a nível mundial, os nossos especialistas analisaram no estudo “Quatro tendências ESG que vão moldar o mundo depois da COVID-19” (R. Baumann, CFA, responsável de Investimento da RobecoSAM) o que acreditamos que vão ser as quatro principais tendências ESG (ambientais, sociais e de governação corporativa) que vão moldar a nova era pós-COVID-19. Desta forma, vamos estar melhor preparados para tirar partido das oportunidades que vão acompanhar este grande desafio.

1.ª tendência: Regulação. A forte recessão em 2020 levou a um aumento massivo da despesa fiscal, na tentativa de mitigar os danos e estimular uma recuperação rápida. Estes programas vão-se traduzir numa maior presença do Estado em assuntos económico-sociais, o que implica uma maior regulação e uma maior socialização de alguns setores da economia. A parte positiva é que esta regulação vai aumentar a consideração dos fatores ESG.

 O exemplo mais claro é o plano de recuperação de 750.000 milhões de euros da União Europeia, com medidas que farão parte do seu “Green Deal” para a transformação da Europa num continente “climaticamente neutro” até 2050. A UE promove a descarbonização através de várias iniciativas, como o lançamento de novos projetos no campo das energias renováveis eólicas e solares, sobretudo o financiamento para a instalação de um milhão de postos de carregamento para veículos elétricos, renovações de frotas, infraestruturas de transporte sustentável e uma estratégia apoiada na produção limpa de hidrogénio. Sendo o aquecimento e a refrigeração de edifícios um dos grandes contributos para as alterações climáticas, o plano também passa pelo financiamento de renovações e alternativas sustentáveis que melhorem tecnologias prévias, como melhores isolamentos e tecnologias energeticamente eficientes na gestão do ar e da temperatura, assim como da iluminação.

2.ª tendência: Alterações climáticas e a evolução rumo a transportes limpos. Segundo os analistas, o peso da emissão de gases com efeito de estufa gerados pelo setor dos transportes é crucial para o aquecimento global, por isso, os reguladores estão a investir em infraestruturas para veículos elétricos através de subvenções e a modernizar as infraestruturas ferroviárias. Neste contexto, esperamos um aumento rápido dos gastos dos consumidores com estas tecnologias sustentáveis, apesar da situação atual, assim como determinadas alterações de comportamento, como a substituição da utilização do avião por videoconferências e uma maior utilização do comboio de alta velocidade. Este último será impulsionado na Europa pela harmonização do sistema ferroviário e pelo aumento da sua competitividade, se a intenção política de aumentar as taxas nos voos de pequeno curso se concretizar.

3.ª tendência. Relocalização da produção. As falhas de fornecimento durante a pandemia resultantes de encerramentos nos locais de produção ou da impossibilidade de transportar bens trouxeram uma nova perspetiva sobre a globalização, que conseguiu reduzir os custos a mínimos impensáveis durante décadas. A vulnerabilidade do sistema, assim como a grande dependência entre empresas situadas em continentes diferentes, fazem reconsiderar a carteira de fornecedores e os locais de produção. A mitigação destes riscos implica uma maior diversificação de fornecedores, assim como o regresso de parte da produção ao próprio país, o que se traduz num maior investimento em automatização e robótica (indústria 4.0), com o objetivo de redução de custos graças à menor dependência de mão-de-obra menos qualificada e de maior flexibilidade perante uma procura em mudança, mitigando os riscos em caso de eventos externos inesperados.

4.ª tendência: Descentralização do trabalho e da saúde. No âmbito de uma tomada de consciência geral sobre a vulnerabilidade da sociedade perante a propagação de uma pandemia, acreditamos que vai existir uma mudança na procura de maior segurança e higiene, que, por seu lado, também vai impulsionar uma melhoria de tecnologias e serviços que permitam a realização de testes, diagnósticos e tratamentos de forma mais rápida. Este cenário vai impulsionar o setor da saúde, incluindo o equipamento de laboratórios, a telemedicina ou os serviços de saúde digitais, como a monitorização remota, mas também a revisão de certas dietas na indústria alimentar.

Com o trabalho flexível como nova realidade, a tendência para o comércio eletrónico e o envio de comida mais saudável também será acelerada. Com as estratégias da UE “Biodiversidade” e “da exploração agrícola até à mesa”, pretende-se melhorar o sistema de alimentação, tornando-o mais justo, saudável e ecológico. Planeia-se reduzir a utilização de fertilizantes e pesticidas ou excluir ingredientes pouco saudáveis de alimentos e bebidas, com o objetivo de promover novos métodos de produção e a reformulação da comida processada.

Na Robeco, não temos dúvidas de que é um bom momento para impulsionar o investimento em sustentabilidade. E utilizamos a palavra “impulsionar” porque há vinte anos que já acreditamos que o estudo dos fatores ESG nos investimentos, assim como do seu impacto, é fundamental em qualquer investimento com futuro, uma vez que nos permite tomar decisões melhor fundamentadas. Por isso, integrámos esse estudo em toda a gama de fundos da Robeco, como nos fundos Smart Energy, Smart Materials, Circular Economy ou nos nossos novos fundos SDG (Sustainable Development Goals). São exemplos dentro da linha de investimento em sustentabilidade mais direta que permitem que os nossos clientes tirem partido das tendências analisadas.

Na Robeco, continuamos a trabalhar para a valorização da carteira dos nossos clientes e de forma a que isso também tenha um impacto positivo na sociedade. São estes valores que nos dão a força e a visão para seguirmos em frente em momentos tão complexos e que apresentam grandes desafios e oportunidades.