Investimento dos fundos em ações nacionais em queda livre

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NASA's Marshall Space Flight Center, Flickr, Creative Commons

Os últimos cinco anos ficarão, para sempre, marcados na memória dos investidores nacionais. Foi um período conturbado em Portugal, com alguns acontecimentos que marcaram o país, como o programa de ajustamento financeiro, os casos BES e BANIF, uma mudança conturbada de governo.

Os dados publicados pela CMVM mostram que desde o início de 2011 até ao final do mês passado o investimento dos fundos portugueses em ações nacionais sofreu um decréscimo significativo. Nesse período de cinco anos, a descida foi de praticamente dois terços ou seja, 400 milhões de euros, cifrando-se no final do mês passado em 201 milhões de euros.

A principal redução da exposição a ações nacionais ocorreu durante 2011 e a primeira metade de 2012 e isso deveu-se a uma aversão ao risco de todos os ativos periféricos, por parte de todos os investidores, e Portugal não foi exceção”, explica Diogo Pimentel, gestor do Santander Acções Portugal da Santander Asset Management. Já Hugo Custódio, responsável da GNB Gestão de Ativos pelo fundo NB Portugal Ações, refere que “o cenário macroeconómico em Portugal, resultado do ajustamento a que o país foi obrigado, não era à partida um convite atrativo para os investidores. Se juntarmos a isso a diminuição do número de empresas cotadas na nossa bolsa, casos da Brisa e da Cimpor, e o colapso do Banco Espírito Santo, chegamos a um ambiente nada convidativo para os investidores”.

Para Nuno Marques, gestor do IMGA Ações Portugal da IM Gestão de Ativos, existiram diversos factores que originaram essa queda no investimento por parte dos fundos portugueses. O gestor refere a “crise da dívida soberana na Europa e o seu impacto nos mercados financeiros e na economia dos países do Sul da Europa, onde Portugal se inclui”. Apesar de localizar no tempo esses acontecimentos, o gestor salienta que essas opções condicionaram o futuro, já que ainda têm “reflexos nos dias de hoje quando observamos os preços e as valorizações de alguns ativos em mercado e a qualidade dos balanços de muitas empresas nacionais”. Além disso, Nuno Marques destaca ainda a “escassez de ações a transacionar no mercado nacional, fruto da resolução de dois bancos em Portugal e de movimentos de consolidação associados a empresas portuguesas”.

O gestor afirma também, que a “dificuldade em diversificar carteiras de investimento em ações portuguesas, quer pela escassez de títulos disponíveis, quer pela pouca diversidade de sectores de atividade representados em mercado, afasta os investidores do mercado acionista nacional, apesar de existirem em mercado empresas e ativos de excelente qualidade”.

A falta de confiança dos investidores é partilhada por Miguel Moedas, gestor da Banif Gestão de Activos e responsável pelo fundo Banif Acções Portugal. Para o profissional, “verificou-se um decréscimo na proporção do investimento em Portugal quando comparado com o total investido, o que revela, entre outras razões, a falta de confiança dos investidores no mercado português mas, também, o facto de os investimentos terem sido canalizados para mercados de maior dimensão e com oportunidades intrínsecas mais benignas, como aconteceu no caso dos EUA, França e Alemanha“.

O investimento dos fundos nacionais em ações portuguesas

valores em milhões de euros

Fonte: CMVM