Investidores europeus começam a voltar às acções

Os investidores europeus estão a optar pelos fundos de investimento nas suas aplicações financeiras. Segundo os últimos dados dos fluxos de fundos da Morningstar relativos a finais de Novembro, os fundos com estratégias de longo prazo que investem no "velho continente" captaram 174.600 milhões de euros desde Janeiro. Este montante sobe para 188.000 milhões de euros quando se incluem os fundos monetários.   

No passado mês de Novembro, as subscrições líquidas em fundos de investimento ascenderam a 27.600 milhões de euros (mais 3.700 dos monetários), graças ao crescente apetite por produtos de dívida, apesar de os investidores se começarem a posicionar de novo em fundos que investem em mercados accionistas, colocados de parte nos últimos meses e até anos. O sector da bolsa, no seu conjunto, captou 4.700 milhões de euros em Novembro, devido às entradas em fundos de acções de mercados emergentes (com mais de 2.700 milhões de euros no mês e 15.000 desde Janeiro). A categoria dos fundos de acções Asia-Pacífico, excluindo Japão, e a de acções globais de grande capitalização também apresentam valores positivos em ambos os períodos.

Por outro lado, os fundos de acções da Zona Euro e França são os menos populares, uma tendência que se manteve ao longo do ano passado. Assim, os investidores saem de fundos de acções associados à Zona Euro (os que investem na Alemanha apresentam resgates de 3.000 milhões de euros no ano) e entram nos de mercados emergentes, apesar de que, paradoxalmente, as rendibilidades destes últimos se situarem em níveis mais baixos (11,7% contra 16,6% de retorno na categoria de acções Zona Euro).

“Embora o interesse por acções tenha aumentado em Novembro, os fundos tiveram um ano sombrio, marcado pelas saídas de 11.000 milhões de euros. Dificilmente, os valores de Dezembro seriam suficientemente bons para que os fundos de acções acabassem o ano em terreno positivo. Todavia, os reembolsos estão longe das saídas massivas registadas em 2011 e 2008, na ordem dos 41.800 milhões e 84.900 milhões de euros, respectivamente", comenta Javier Sáenz de Cenzano, da equipa europeia de analistas da Morningstar.

Apetite intacto

Neste contexto, o apetite por produtos de obrigações manteve-se intacto, com entradas de 19.900 milhões em Novembro, convertendo-se no segundo melhor mês do ano para este tipo de produtos. Em 2012, e sem contar os dados em falta relativos a Dezembro, as entradas nesta categoria foram de 158.000 milhões de euros, superando o montante de 96.500 milhões registado em 2010.

Dentro desta categoria, as preferências concentram-se em fundos de dívida 'high yield', como os mercados emergentes (com entradas de 12.500 milhões de euros em 2012), uma vez que num cenário de taxas de juro muito baixas, sobretudo em obrigações de qualidade, os investidores procuram rendibilidade em dívida de alto rendimento, como "último refúgio", segundo referem os analistas da Morningstar. Por essa razão, os fundos de obrigações de curto prazo, que oferecem retornos mais baixos, são os piores da categoria, com reembolsos de 10.000 milhões de euros no ano.

Para 2013, e apesar dos diferenciais de crédito estarem mais ajustados desde princípios de 2011, os profissionais consideram que ainda há margem para retornos interessantes neste activo já que poder-se-á chegar aos níveis de ajustamento de 2007. No entanto, o estratega de obrigações David Sekera, alerta para possíveis surpresas negativas que possam resultar de investimentos em dívida pública. “Uma recessão maior do que o esperado na Zona Euro, o ressurgimento da crise da dívida soberana, uma forte desaceleração da China ou o fracassos dos Estados Unidos na resolução do problema fiscal", poderão estar na origem das ditas surpresas, explica.
 

Pimco, de novo na liderança

O apetite por obrigações justifica que a Pimco seja novamente a gestora que mais capta em Novembro, com 35.000 milhões de euros (e 29.000 milhões de euros no ano), mais do dobro do que a segunda gestora nesta lista, a Alliance Bernstein. A AXA IM, M&G Investments, Credit Suisse, Aberdeen, BlackRock, Nordea IF, J.P. Morgan AM e Pictet AM são os nomes que se seguem no 'ranking' de gestoras mais bem sucedidas em 2012. Entre estas dez entidades, apenas dois se afastam relativamente ao interesse realçado por obrigações: a Aberdeen que foi a principal beneficiada pelas fortes entradas de capital em acções de mercados emergentes e a M&G que beneficiou da preferência dos investidores por fundos mistos.