Instabilidade na Europa marca o mês de novembro para os gestores de fundos multiativos defensivos

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carl.walker, Flickr, Creative Commons

Depois de termos visto que, em novembro, o mercado português de ações caiu cerca de 2%, torna-se importante perceber como essa desvalorização afetou os fundos multiativos defensivos e que outros fatores contribuíram para o seu comportamento durante o mês passado. Para isso, consultámos as fichas de produto referentes a novembro e há um denominador que parece comum: a grande maioria das equipas de gestão destaca a divergência entre os mercados acionistas europeus e norte-americanos.

É o caso de Pedro Fernandes, gestor do EuroBic Investimento. Refere que “os principais índices norte-americanos terminaram o mês em alta, com o Dow Jones a subir 3,8% no mês, seguido do S&P 500 que subiu 2,8%”, acrescentando ainda que a nomeação de Jerome Powell para presidente da Reserva Federal após a saída de Janet Yellen retirou alguma incerteza do mercado. Na Europa, o euro “valorizou-se significativamente este mês”, o que acabou por “penalizar os mercados acionistas europeus, com os principais índices a fecharam o mês em queda”. Foi o caso do índice espanhol Ibex 35, que liderou as perdas com uma desvalorização de 3%, seguido do Euro Stoxx 50, com uma queda de 2,8%. Toby Vaughan, gestor do Santander Select Defensivo, refere ainda que esta subida do euro face ao dólar afetou negativamente as empresas exportadoras, o que também justifica as quedas registadas pelos índices acima referidos.

Pedro Vieira, gestor do IMGA Poupança PPR, acrescenta ainda a ausência de uma solução de governo estável na Alemanha como causa para a queda dos mercados acionistas europeus, no entanto refere que “os indicadores macro divulgados em novembro suportam a trajetória positiva do crescimento económico e dos índices de confiança”. Paulo Monteiro, gestor do Invest AR PPR, refere ainda outras questões importantes para explicar este comportamento, nomeadamente as eleições em Itália no próximo ano, a questão da Catalunha e a primeira subida de taxas desta década anunciada pelo Banco de Inglaterra.

No entanto, Pedro Vieira refere que a “ausência de inflação, insensível ao recuo do desemprego” permite que os bancos centrais prossigam com a normalização das suas políticas monetárias de forma gradual, sem colocar em causa o crescimento económico.

Também a equipa de gestão do BPI Moderado acredita que “os elevados níveis de atividade empresarial, a redução do desemprego e o aumento da confiança dos consumidores sugerem a manutenção da trajetória positiva do crescimento económico”. É nesse sentido que referem que o enviesamento da carteira para sectores cíclicos (nomeadamente, o sector bancário) “deverá acrescentar valor ao portfolio”.

Para o gestor do NB PPR e do NB Estratégia Ativa, Paulo Joaquim, o mercado de dívida privada teve um mês positivo na maioria das classes, enquanto o mercado de dívida governamental foi marcado por alguma volatilidade, tendo registado uma melhor prestação da dívida periférica europeia. O gestor diz mesmo que “a componente obrigacionista com destaque para dívida soberana portuguesa e grega” foi o que mais ajudou os dois fundos que gere durante o mês passado.