Inexistência da figura REITs em Portugal evidenciada em conferência ibérica

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code_martial, Flickr, Creative Commons

Na 1ª edição da Iberian REIT conference, realizada recentemente em Madrid, o imobiliário português não foi obviamente um assunto esquecido. No evento organizado pela plataforma ibérica Iberian Property e pela associação europeia do sector, a EPRA (European Public Real Estate Association), ficou a saber-se que o mercado imobiliário português está na mira de duas das maiores empresas imobiliárias cotadas de Espanha.

As SOCIMIs Merlin Properties e Hispania, focadas em ativos de escritórios e comércio e em investimento em imobiliário hoteleiro e turístico, respetivamente, mostraram durante a conferência as suas intenções de “realizar investimentos em imobiliário português, destacando o potencial do mercado”, pode ler-se num comunicado emitido sobre o evento.

No caso da Merlin Properties, Isabel Clemente, CEO, revelou que a SOCIMI, tem a pretensão de “aumentar a sua exposição ao imobiliário português, onde é já proprietária de vários edifícios de escritórios e de uma galeria comercial e onde está especialmente atenta ao segmento de retalho”. Já no caso da Hispania, esta trata-se de uma estreia no mercado nacional. A diretora geral desta SOCIMI, Cristina García-Peri, destacou “que a empresa está a olhar atentamente para o imobiliário turístico e hoteleiro português, evidenciando que entre as carteiras da Banca podem estar boas oportunidades”.

Inexistência dos REITs evidenciada

Embora no mercado português ainda não haja lugar para a figura similar aos SOCIMI, os investidores presentes no evento não deixaram de evidenciar os “aspetos comuns entre os mercados português e espanhol como uma vantagem para o investimento”.

A carência do regime de REIT em território nacional, contudo, foi sinalizada como uma limitação para “a atratividade do investimento”. Manuel Puerta da Costa, presente na conferência na qualidade de membro da APFIPP, referiu mesmo que “se Portugal não legisla os REIT, os investidores terão que investir no nosso mercado através de outros países, com as devidas perdas em termos de receita para o país. O Governo, qualquer que seja a sua ideologia política, deveria pensar nos interesses nacionais e ter, neste campo, uma visão de longo-prazo, assumindo que esta figura dos REIT, conforme comprovado em diversas realidades europeias, tem um papel de bem público, transparente e profissional”.