Igualdade, redistribuição e Economia: que relação?

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Dave Graham, Flickr, Creative Commons

“Desigualdade e crescimento” – é sobre esta relação que no último InvestiGate da UBS Global Asset Management, se debruçam dois especialistas da entidade. 

Thomas Rose, Head Investments & Risk Management, e Pascal Guillet, Investments & Risk Management da gestora, começam por fazer uma analogia com tempos passados. “A exigência de mais igualdade e o debate sobre a extensão da diversidade foi dominante nas disputas dos filósofos gregos e da ética de Platão”. Esta nova vontade de deixar para trás o “ócio” relativo à temática da desigualdade foi também recentemente abordada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). A pergunta que os dois profissionais da entidade fazem é: “quais os elementos da nossa economia capitalista e que processos políticos nos surgem quando observamos o estranho fenómeno do baixo crescimento económico que acontece em simultâneo com uma menor igualdade da população?”. 

Durante muito tempo eram vários os economistas que recusavam qualquer relação entre o facto da desigualdade afetar o crescimento económico. Desta feita, os dois profissionais relembram que “a redistribuição sempre foi considerada um “veneno” para os incentivos  à excelência da performance laboral”. 

No seu Investigate, os dois especialistas da entidade suíça, citam o trabalho de Thomas Piketty, Professor da Paris School of Economics, que conseguiu demonstrar que atualmente a desigualdade medida pela concentração de riqueza no sector mais rico da população voltou a alcançar um novo máximo, tal como aconteceu na ‘Belle Epoque’ em França, ou na ‘Gilged Age’ nos EUA. 

Desigualdade em consonância com o passado 

Este mesmo professor desenhou uma teoria que considera que os drivers de crescimento da economia, a distribuição de rendimentos e a riqueza “andam” num caminho unificado. O ponto-chave da teoria de Piketty é a suposição de que “a desigualdade já alcançou níveis vistos pela última vez no final do século XIX e, de mãos dadas com isto, estamos a ir em direção a um capitalismo patriarcal onde os centros de controle da Economia não são geridos pelos mais capazes, mas pelas famílias de dinastias”. Acrescido a isto, considera também que muitos dos problemas podem ser resolvidos com um  regime fiscal adequado. 

Taxar riqueza progressivamente 

Thomas Rose e Pascal Guillet, por seu lado, entendem que muitos dos sistemas fiscais concentrados em rendas, tal como a riqueza, são geralmente apenas sujeitos a uma baixa carga tributária”. Assim entendem que a fonte da crescente desigualdade é a própria riqueza. “Uma progressiva e moderada taxa sobre a riqueza pode prevenir o capital de ser distribuído de forma mais desigual no futuro, face àquilo que é hoje”

Ainda assim, em conclusão, os dois especialistas da UBS Global Asset Management acreditam que “a desigualdade não foi um gatilho direto para a crise financeira”. Por isso, “os padrões comportamentais menos complexos que deram origem à crise financeira no passado é provável que acompanhem as pessoas no futuro”.