'Honda ReVisitado'

Chega a Portugal no próximo dia 26 de Setembro com 2 motorizações, tracção dianteira e preços entre os 23.000€ e os 30.800€. A marca aponta baterias ao seu mais directo rival dentro do segmento C, o 'best-seller' Nissan Qashqai.

Em termos de opções mecânicas, este novo HR-V conta  com uma motorização a gasolina 1.5i-VTEC com 130cv, caixa de 6 velocidades manual ou, em opção e por mais 1.300€, com uma caixa de velocidades CVT semi-automática. A motorização diesel 1.6i-DTEC de 120cv estará disponível somente com caixa manual de 6 velocidades.

Na apresentação oficial que decorreu na cidade de Lisboa nos dias 13 e 14 de Julho, os responsáveis da Honda afirmaram esperar que 90% das vendas virão da motorização diesel, apesar de uma diferença desfavorável de preço na ordem os 3.000€ em relação à versão a gasolina.

Existirão 3 versões de equipamento diferentes para cada motorização; Comfort, Elegante e Executive. De acordo com informação da marca, a versão 'base' Comfort já apresentará um nível de equipamento acima da média do segmento e os 'opcionais' resumir-se-ão basicamente ao sistema de navegação (800€) e caixa CVT para as versões a gasolina.

A Honda fez uma aposta forte no design do HR-V, quer no pacote exterior, quer na envolvência interior com um toque muito moderno. A orientação de uma carroçaria 'Coupé SUV' resulta num conjunto de linhas agressivas, procurando manter um ar robusto com uma frente forte, pronunciadas linhas laterais e um tecto rebaixado, marcando um aspecto realmente dinâmico. No interior, a nossa atenção recai imediatamente para o pormenor da consola central elevada, remetendo-nos para um ambiente de cockpit, evocando, e porque não, nomes como: S2000?

A posição do manípulo caixa de velocidades e a sua correcta distância para o volante de tacto macio, a par com uma posição de condução baixa q.b., fazem-nos, nem que por breves instantes, esquecer que vamos conduzir um SUV.

Num interior de qualidade, repleto de materiais macios, o aspecto 'hi-tech' é sublimado por um painel de instrumentos detalhado, um generoso ecrã central de 7'' Honda Connect e ainda um climatizador de comando táctil. Gostei particularmente das portas integralmente revestidas a tecido/pele, mas não pude deixar de lamentar a cobertura plástica dos pilares A ou o tacto demasiado rijo, e propenso a riscos, da zona superior do tablier.

A Honda anuncia cotas de espaço record na sua classe e podemos contar, não apenas com uma bagageira de 470 litros, mas também com os funcionais 'bancos mágicos' traseiros Honda. Pena que na frente se verifique o 'síndrome CR-V' e voltamos a encontrar bancos com pouco apoio para as pernas e um assento demasiado horizontal.

Dia 1: HR-V 1.5i-VTEC 130cv,  caixa manual de 6 velocidades.

Num percurso pré-estabelecido Aeroporto-Arrábida-Expo com cerca de 130kms, fiz-me à estrada com o novíssimo 'crossover' da Honda. Os primeiros quilómetros em AutoEstrada, serviram para consolidar a apreciação inicial de uma generosa solidez de todo o conjunto, de um conforto melhor do que nos fizera supor a transposição das primeiras lombas em cidade e... de que este 1.5i possui uma sonoridade pouco agradável. Apesar da marca anunciar uma cuidada insonorização, este 4 cilindros torna-se demasiado presente no habitáculo, com a agravante de que nas últimas 2.000rpm de regime, chega a ser incómodo. Todavia, onde o VTEC conseguiu uma boa prestação foi no apetite por gasolina, pois mesmo a velocidades pouco 'legais', foi possível registar consumos em torno dos 6,7ltrs/100.

Em plena Serra da Arrábida, debrucei-me mais a fundo sobre os dotes dinâmicos deste HR-V e, quando sujeito a uma utilização mais exigente e pouco consentânea com esta tipologia de veículo, a ausência de movimentos estranhos da carroçaria ou um adornar excessivo das suspensões, deixou-me uma impressão muito positiva. Os travões também estiveram à altura das expectativas. Tratando-se de um motor atmosférico, este '1.500' debita um modesto binário de 155Nm às 4.600rpm e, como tal, vemo-nos obrigados a um trabalho 'extra' com a caixa se não queremos ficar 'atolados' à saída de uma curva, com o pé enterrado no acelerador e um taquímetro que insiste em não se mexer abaixo das 3.000rpm.

A suavidade de funcionamento do motor garante uma boa isenção de vibrações ao habitáculo, garantindo ao sistema start/stop um funcionamento quase imperceptível.

Não tendo havido hipótese de testar o modelo com a caixa semi-automática CVT, pela minha experiência, assumo que o principal 'calcanhar de aquiles' fosse ainda mais evidente, dado o funcionamento típico destas caixas, conhecidas por 'aproveitar' regimes mais altos para locomover o veículo com maior desenvoltura. 

Aguardemos por uma hipótese de analisar a CVT mais a fundo.

Dia 2: HR-V 1.6i-DTEC 120cv, caixa manual de 6 velocidades.

'O casamento perfeito!' Foi a expressão que utilizei, ao cabo de pouquíssimos quilómetros, para definir as sensações ao volante da versão diesel. Neste segundo dia de ensaio, a Honda sugeriu-nos um percurso de aproximadamente 90km; Expo-Sintra-Ajuda, abarcando zonas como estrada da Lagoa Azul, Guincho e Estrada Marginal. As aptidões dinâmicas do dia anterior ficaram integralmente re-confirmadas, mas agora, graças ao generoso binário de 300Nm às 2.000rpm (a partir das 1.500rpm já sai com grande à vontade) este HR-V pode brilhar de uma forma completamente diferente. Mesmo com um défice de 10cv, o diesel é capaz de bater o seu irmão a gasolina na aceleração dos 0-100, rubricando 10.0s contra 10.7s. É, em toda a linha, um motor muito mais agradável de utilizar. Os consumos também são bastante inferiores, e mesmo em unidades como estas, com reduzida quilometragem, foi com grande facilidade que se obtiveram consumos inferiores a 5.0ltrs/100. Surpreendentemente, foi no ruído de funcionamento que este DTEC voltou a bater o VTEC aos pontos. Em velocidades de cruzeiro, este diesel, literalmente, não se ouve. 

Ah! E já vos disse que tem uma buzina a sério?