Hegemonia espanhola?

Iberia
Rubén Hoya, Flickr, Creative Commons

A indústria de gestão de ativos portuguesa continua num caminho de consolidação, que decorre a olhos vistos. Subjacente a esse caminho de consolidação está, no entanto, uma visível preponderância de entidades espanholas em solo português.

Mais recentemente o CaixaBank - que em fevereiro passado anunciava uma OPA ao BPI passando a deter 84,51% do banco  - anunciou a compra do ramo de gestão de ativos do BPI, mas também do ramo homólogo que opera no Luxemburgo (BPI Global Investment Fund Management Company). A compra estendeu-se ainda ao BPI Vida e Pensões e ainda à Companhia de seguros do Banco BPI.

Grupos bancários

Recorrendo a dados de setembro da APFIPP, é possível inferir que aproximadamente 45% do montante total gerido por fundos mobiliários nacionais pertencia a entidades gestoras que fazem parte de grupos bancários espanhóis.

Gestoras de grupos bancários espanhóis

Ativos sob gestão (milhões de euros)

Quota de mercado

BPI Gestão de Activos

3287,3

27,50%

Santander Asset Management

1859,3

15,60%

Popular Gestão de Activos

151,6

1,30%

Bankinter Gestão de Activos

93,5

0,80%

Fonte: APFIPP, setembro de 2017

Atualmente, as quatro entidades acima indicadas na tabela perfazem, em conjunto, um total de quase 5.400 milhões de euros de AuM. A BPI Gestão de Activos – que este ano já chegou a ocupar o primeiro lugar no ranking das maiores entidades gestoras de fundos mobiliários -  apresenta-se assim com a etiqueta de segunda maior entidade gestora do país e agora com DNA espanhol. 

Há que recordar também que, ao que tudo indica, a consolidação com “marca espanhola” será ainda maior, já que depois da compra do Popular por parte do Santander, a Popular Gestão de Activos deverá ser integrada na gestora do Banco espanhol de Ana Botín.

Entidades independentes

Não é só no universo dos grupos bancários que ‘nuestros hermanos’ colocam o pé em Portugal. Deve recordar-se que a IM Gestão de Activos passou a fazer parte do espanhol Grupo CIMD em 2015, e a sua consolidação no mercado português tem decorrido a olhos vistos. Para além de a entidade ter recentemente alargado a sua gama de fundos precisamente com um enfoque mais ibérico, tem agora no seu âmbito de gestão os fundos mobiliários que pertenciam à gestora Crédito Agrícola Gest.

Também a portuguesa Dunas Capital passou a ter DNA ibérico em 2015, altura em que o capital da entidade passou a estar na mesma proporção nas mãos de sócios portugueses e espanhóis.