Guia básico sobre opções para saber o que são e como se utiliza uma call e uma put

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friendship bracelets, Flickr, Creative Commons

A opção é um instrumento financeiro muito utilizado pelos gestores de fundos. Trata-se de um contrato normalizado através do qual o comprador adquire o direito, mas não a obrigação, de comprar (call) ou vender (put) o ativo subjacente a um preço acordado numa data futura. Tal contrato só pode ser exercido no prazo de vencimento (se se tratar de uma opção ao estilo europeu) ou em qualquer momento antes do prazo de vencimento (caso seja uma opção ao estilo americano). Tudo depende de quais foram as condições gerais estabelecidas em cada contrato. A que obrigam as opções?

Segundo explica Óscar Gil, professor do mestrado de Gestão de Carteiras no IEB, o que o investidor tem de perceber é que os contratos de opções estabelecem as condições nas quais se efetuará a transição no mercado, fixando o preço de entrega, o período até à entrega e a quantia ou volume que se vai negociar. “O vendedor do contrato de uma opção concorda em vender ou comprar o ativo subjacente no prazo de validade se o comprador exigir o exercício da opção. Em contrapartida, o vendedor recebe um prémio. A liquidação do contrato pode realizar-se por diferencial. A obrigação de comprar e vender pode substituir-se neste caso pela obrigação de cumprir com a liquidação por diferencial”, explica.

As duas opções mais comuns e as que constituem o pilar fundamental de outras mais complicadas são as calls e as puts. As primeiras são opções de compra. As calls sobre ações permitem que o detentor compre ações, enquanto as puts sobre ações permitem ao detentor vender ações. Dito isto, Gil explica quais são as quatro posições básicas:

  1. Compra de call: tal como indica o professor do IEB, a compra de uma opção de compra proporciona o direito e não a obrigação ao seu proprietário de comprar um determinado ativo financeiro a um preço pré-estabelecido e numa determinada data futura ou dentro de um prazo predeterminado. Esta opção tem perdas limitadas ao prémio e lucros ilimitadas. “Os gestores de fundos compram um call para investir ou especular perante movimentos de subida do subjacente, assegurando uma perda máxima no investimento”, assinala Gil.
  2. Venda de call: em contrapartida, a venda de uma opção de compra obriga o vendedor a vender um determinado ativo financeiro a um preço pré-estabelecido e numa determinada data futura ou dentro de um prazo pré-estabelecido. Neste caso, têm lucros limitados e perdas ilimitadas. “A venda de uma call faz-se sobre um subjacente no qual se tem posição e significa a venda dos possíveis lucros perante uma subida do mercado, a partir de um certo nível, em troca do prémio”, afirma o especialista.
  3. Compra de put: a compra de uma opção de venda proporciona o direito e não a obrigação ao seu proprietário de vender um determinado ativo financeiro a um preço pré-estabelecido e numa determinada data ou dentro de um prazo determinado. Este tipo de opções tem as perdas limitadas ao prémio e os lucros também limitados, visto que se um ativo cair, quanto muito pode fazê-lo até zero (no caso das call compradas diz-se que os lucros são ilimitados porque o subjacente pode subir teoricamente de forma indefinida). A compra de put de um ativo que já cobre as possíveis perdas no investimento, a partir de um certo nível (o preço de exercício), em troca do prémio. Corresponde a um seguro contra quedas do subjacente, até certo prazo.
  4. Venda de put: a venda de uma opção de venda proporciona a obrigação ao vendedor de comprar um determinado ativo financeiro a um preço pré-estabelecido e a uma determinada data futura ou dentro de um prazo determinado. Neste caso, tem lucros limitados e perdas também limitadas, mas que podem chegar a ser muito elevadas. “A venda de uma put assume as possíveis quedas de um ativo em troca de um prémio. Portanto, é uma estratégia adequada perante uma expectativa de crescimento ou de moderado crescimento”, explica Gil.

Tal como indica o especialista, comprar ou vender opções implica uma dupla posição no mercado: uma direcional, que aposta nas subidas (comprar call e vender put) ou quedas (comprar put e vender call), e outra de volatilidade, assumindo posições que irão dar lucros perante cenários de volatilidade (comprar call e comprar put) ou perante cenários estáveis (vender call ou vender put). Da combinação dessas duas características, nascem as quatro posições básicas comentadas.