Grécia: decisões precisam-se!

A Grécia continua a dominar as atenções do mercado financeiro. Com os dados Americanos um pouco melhores e a estabilização do preço do petróleo, os investidores constatam que a volatilidade no mercado de dívida coloca os responsáveis da Reserva Federal a equacionar seriamente o timing da subida de taxas, o que torna a Grécia como o verdadeiro catalizador no mercado.

Já vamos quase a meio de junho e os avanços nas negociações são muito ténues, com pouca informação concreta sobre os pormenores e com as partes cada vez mais distantes.

Num ambiente recheado de declarações negativas por parte das autoridades Europeias, mesmo que Angela Merkel tenha chegado a propor um avanço por etapas para facilitar o compromisso, a Grécia apresentou aos seus credores a sua mais recente proposta conjuntamente com dois documentos suplementares com alternativas específicas sobre o déficit fiscal e a sustentabilidade da dívida. Ainda não houve comentários oficiais a essa proposta, com as atenções viradas para os resultados da reunião entre Merkel, Hollande e Tsipras. Precisam-se de decisões e não de mais negociações.

Expectativas optimistas para a economia Europeia agravam as taxas de juro da dívida soberana um pouco por toda a Europa, com os 10 anos Portugueses a ultrapassarem os 3% e o Bund já acima da barreira psicológica de 1%. Essas expectativas em relação ao desempenho da Zona Euro e em particular da sua inflação provocaram uma alteração de comportamento do mercado em relação à dívida soberana na Zona Euro.

No outro lado do mundo, o Banco da China reviu em baixa o crescimento do PIB para 2015, de 7.1% para 7%, numa altura em que se fala cada vez mais do pouco impacto que as medidas tomadas pelos reguladores do mercado financeiro tiveram na evolução da bolsa de valores de Shangai. Nos últimos seis meses, o Índice Composto de Shangai subiu 91%, fruto da alavancagem excessiva e de muita especulação, alimentada por pequenos investidores que veem a bolsa como uma boa opção de investimento.

Estamos perante terreno propício a fortes correcções: quanto mais rápida é a subida, mais forte é a queda, e um colapso na bolsa pode ter consequências sociais imprevisíveis.

(Imagem: KiloMeater., Flickr, Creative Commons)